A candidatura de Gouveia e Melo


Tudo corre bem ao cidadão Gouveia e Melo. Depois do pré-anúncio da candidatura em plena campanha das legislativas, um erro clamoroso, teve ontem um dia glorioso, por demérito alheio, na apresentação formal.

Antes da hora aprazada, o País assistiu a um bizarro passeio do PR e do indigitado PM aos pastéis de Belém, infantilidade canhestra destinada a estragar-lhe a festa.

Entretanto, um azougado deputado do PSD, Hugo Carneiro, que, ao contrário do lacrau, destila veneno pela parte oposta, dizia ser de mau gosto a apresentação da candidatura no dia da indigitação do PM. A mentira era óbvia, pois a única data há muito anunciada era a de Gouveia e Melo e a indigitação foi uma antecipação tornada possível pela geometria eleitoral e a debilidade do PS.

Depois de conhecida a animosidade de Marcelo a Gouveia e Melo, só faltava o anúncio de Montenegro a apoiar Marques Mendes, para que a aversão a ambos favorecesse a sua candidatura. Juntou-se o azedume de Sebastião Bugalho ao almirante para diluir o medo que o perfil autoritário de Gouveia e Melo desperta.

Finalmente, surgiu o discurso, excelente de lugares-comuns e vazio de conteúdo. Foi o ideal na sala cheia, com figuras mediáticas que não lhe regatearam aplausos. Bastou-lhe mostrar que seria diferente de Marcelo para despertar simpatias, e mostrar os apoiantes, menos maus do que os que gravitam em torno de Marcelo e Montenegro.

Disse bem dos cinquenta anos da democracia ao contrário dos fascistas, e mostrou saber ler o teleponto e cantar o hino, por entre bandeiras de Portugal empunhadas por jovens.

Com os ressentimentos e a avidez por um D. Sebastião, Gouveia e Melo é o sonho para vingança recíprocas de todos os quadrantes e a esperança de que possa evitar um ajuste de contas com a democracia.

Com candidatos tão empolgantes como Marques Mendes, alter ego de Marcelo, e Tozé Seguro, tão excitante com abstenções violentas como a atrair eleitores às mesas de voto, basta Gouveia e Melo propor banalidades e evitar deslizes para ganhar à primeira volta.

Continua de pé uma das suas primeiras afirmações, situar-se entre a social-democracia e o socialismo. Eu nem quero tanto, basta-me a social-democracia, embora tema que esteja entre o socialismo de Ventura e a social-democracia de Marcelo. É um homem de direita e autoritário, mas o país quer um caudilho e Ventura é repugnante. É ideal para o cargo que Marcelo desonrou.

Quanto ao partido que poderá surgir à sua volta, não será tão efémero como o PRD, será uma coisa parecida com o que Macron fez em França, um qualquer Renascimento Luso.

Boa sorte, Gouveia e Melo. Não será pior do que Marcelo. E os imbecis obedecem-lhe.


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