Eu e o PS

Agora que a urgência exige que o PS rapidamente tenha um novo líder, congratulo-me por ver José Luís Carneiro à frente do partido e desejo-lhe as maiores felicidades. É um político decente, sem ser de esquerda.

Não direi mal do PS, para isso bastam os militantes, os que preferem o poder sem cuidar da ideologia, os que estão prontos a denegrir o líder que perde, a favor de qualquer outro que os leve ao poder, os que aceitam que os seus líderes sejam acusados de radicais de esquerda pelos reacionários. Nunca o PS teve um líder radical de esquerda.

Foi assim que renunciaram à herança de Guterres, Sócrates e António Costa e deixaram que os adversários a denegrissem. Falei também de José Sócrates, o PM que a crise das dívidas soberanas destruiu, inovador e corajoso, cujos governos mereciam a defesa dos que querem uma governação entre a social-democracia e a democracia- cristã, devendo saber distinguir entre os problemas judiciais e a qualidade da sua governação.

Antes de José Luís Carneiro ser alvo de investigação preventiva e acusado de radical de esquerda, ele que é de direita, igual a Rui Rio, referência ética do PSD que Marcelo, Montenegro, Aguiar Branco e Ventura, este então no PSD, substituíram por homens de negócios sem visão para o País, continuarei a defender os meus ideais, a democracia liberal e a justiça social de que o IL é inimigo pior do que o Chega.

Assisti ao abandono de Ferro Rodrigues, infamado por um juiz de instrução narcisista e inculto, até ver agora os militantes que a direita mais à direita desejava à frente do PS, sem aí votar, a denegrirem o primeiro governo de António Costa, que os devia honrar, e a afastarem-se de Pedro Nuno dos Santos, imolado em golpes urdidos pelos empresários de Espinho, Montenegro e Hugo Soares.

Até o golpista de Belém, o do parágrafo, o adversário da despenalização do aborto, da regionalização e da decência, o que preferiu à estabilidade, às contas-certas e a Centeno a explosão do partido fascista e a entrega do poder ao bando atual, já foi perdoado.

Os que agora e há um ano invocavam o perigo do Chega para o PS viabilizar o governo reacionário e incompetente de Montenegro, jamais se oporão à aliança do PSD com o Chega, que Cavaco, Moedas e Miguel Relvas defendem. O não é não enquanto convier!

A Europa assiste de novo, um século depois, ao advento do fascismo. Caíram primeiro os partidos comunistas, depois os sociais-democratas, enquanto a direita do pós-guerra, que lutou contra o fascismo, se tornou neoliberal e os sociais-democratas se deixaram seduzir pelo triunfo do capitalismo e se confundiram com a direita.

Agora, com a social-democracia afastada através de sucessivas eleições que culminaram golpes palacianos urdidos pelos órgãos que juraram fidelidade à Constituição, só resta a luta entre a direita moderada e a fascista enquanto o PS, como sucedeu em França, Grécia e outros países, se arrisca a desaparecer.

No dia 28 de maio, ironia da data, 99 anos depois, apuram-se os votos da emigração e o Chega passa a maior partido da oposição. No PS a capitulação ganha força. É a vida… 

Eu estarei onde sempre estive. É a vida…

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