Marcelo e o Almirante

Marcelo tem razão, nunca deu uma entrevista ou fez qualquer declaração pública para dissuadir o ora candidato, Gouveia e Melo, de entrar na corrida à sua sucessão. Limitou-se a ser ele próprio a fonte de Belém que plantou a notícia no Expresso. O habitual.

Há muito que o incorrigível comentador se preocupa com a sucessão. Começou cedo a avaliar nomes e hipóteses de êxito, preocupação que se agudizou depois do êxito para levar o seu partido ao poder.

Com Montenegro no Governo, depois de ter falhado Paulo Rangel e sem a oportunidade de o ter trocado por Moedas, mas com o seu PSD em S. Bento, a transmissão do Palácio de Belém passou a ser o objetivo.

Anunciou Durão Barroso quando este deixou o banco Goldmann Sachs onde a valiosa agenda de contactos lhe rendeu pingues remunerações. Até declarou: “agora que está livre de compromissos”, cito de memória, já está disponível. A rejeição dos portugueses ao cúmplice da invasão do Iraque, levou Marcelo e o próprio à desistência.

Voltemos a Gouveia e Melo. O militar foi o operacional do plano de vacinas contra a COVID-19, integrado numa equipe de sonho da Saúde, com a ministra Marta Temido e a Diretora Geral Graça Freitas. Mereceu aí a projeção mediática e afetiva no País.

Foi assim que o PM, António Costa, de acordo com o PR, o indigitou para (CEMGA) Chefe de Estado Maior General da Armada seguinte, decisão em que ambos quiseram aproveitar o prestígio de Gouveia e Melo.

António Costa anunciou mais tarde a nomeação, acordada com o PR. Marcelo, apostado em desgastar o Governo, surgiu ruidosamente nas televisões a dizer que quem nomeava o CEMGA era ele, PR, dando a impressão de ser capaz de romper o compromisso.

Perante o silêncio obrigatório do PM e do visado, movimentaram-se os almirantes que almejavam o cargo enquanto Gouveia e Melo foi sendo beliscado na Marinha. Chegou assim a inevitável posse, sem o brilho que almejava. E recusou a recondução, frustrando os desesperados esforços de Marcelo e Montenegro.

Marques Mendes, alter ego de Marcelo, abrigado dez anos no Conselho de Estado, fez comentário político, onde combateu o Governo PS, foi o veículo deste PSD, ao lado de Rangel contra Rui Rio e depois ao lado de Montenegro. Nas inéditas homilias semanais, num Conselheiro de Estado, foi o homem de Marcelo e de Montenegro em comentários, adrede concertados com Clara de Sousa, na SIC-N.

É este o candidato de Marcelo que Montenegro impôs ao PSD, ora ungido por Marcelo, Cavaco e Durão Barroso. A sua eleição seria a apoteose do 2.º Marcelismo, Marcelo II transistorizado em Belém. E Montenegro em S. Bento, Aguiar Branco na AR e Amadeu Guerra na PGR!

E os deuses andam loucos! 

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