Espanha – 50.º aniversário da morte de Franco
Em 20 de novembro de 1975 faleceu bem confessado e magnificamente ungido o maior genocida da história dos países ibéricos. Centenas de milhares de mortos, execuções nas arenas, a monarquia e o país que delapidou, para benefício pessoal e dos amigos, foram a herança de 39 anos de poder discricionário, despótico e amoral.
A guerra
civil espanhola (1936/39) foi feroz de ambos os lados da barricada, mas foi um
golpe de Estado que derrubou o governo eleito, e foi Franco, cuja sedição Pio
XI considerou ‘Cruzada’, que iniciou a ditadura que Hitler, Mussolini e
Salazar apoiaram.
Em Madrid,
o delinquente Francisco Franco, que servira às ordens do general mutilado,
Millán Astray, autor do grito Viva la muerte!, continuou a matar os
ex-rivais através das milícias, que lhes faziam esperas, depois da guerra. O
seu diretor espiritual, Escrivà de Balager, que fundaria o Opus Dei, estagiou
nessa função para a canonização.
Franco,
cuja consciência nunca o atormentou, deixou como herança uma monarquia tão
ilegítima como a sua ditadura. O
criminoso que chacinou o povo espanhol, com o poder destruidor da aviação de
Hitler, é hoje o símbolo de uma época hedionda, o déspota sem princípios nem
piedade.
Depois de
trinta e cinco anos de violência gratuita e amoral, Franco impôs a Espanha o
futuro regime, a monarquia, e designou o rei, depois de o educar no fascismo e
de o ter obrigado a jurar fidelidade à falange.
Finda a
guerra, Pio XII concedeu-lhe a bênção apostólica e Portugal o Grande-Colar da
Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a mais elevada
ordem honorífica de Portugal, no mais alto grau; e, mais tarde, João Paulo II canonizou
como mártires, às centenas, os que apoiaram o carrasco.
Como se os
crimes contra a Humanidade devessem prescrever, está por cumprir a Lei da
Memória Histórica, a reabilitação dos que lutaram pela República e a reparação
às vítimas, sem necessidade de branquear a violência dos dois lados da guerra
civil.
Para que a
memória não se apague, agora que o partido fascista, VOX, está próximo do poder
em Espanha e, em Portugal, o homólogo Chega já levou ao poder os Governos
Regionais dos Açores e Madeira e contaminou o PSD na República, urge lembrar
aos governos de Espanha a premência de derrogar a iníqua «Lei da Amnistia» para
julgar os crimes do franquismo.
Franco e Salazar continuam mortos, mas o franquismo e o salazarismo ressuscitaram, e não há democracias perpétuas.

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