Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
O convite às FARC, pelo PCP, para estarem presentes e fazerem propaganda na última edição da Festa do Avante, foi um acto injusto para com os portugueses, e a concessão gratuita a uma organização terrorista, considerada como tal pelo Conselho Europeu.
São atitudes destas que não deixam esquecer a afirmação do líder parlamentar do PCP que duvida de que a Coreia do Norte não seja uma democracia.
São manchas destas que corroem o mais glorioso dos passados na luta antifascista.
Comentários
Para além do mal digerido "caso de Setúbal", a recente "argolada" da Festa do Avante, evidenciam isso.
Independentemente das insatisfatórias justificações burocráticas apresentadas, o PCP, sabe que organizações que optam (ou são forçadas a enveredar- conforme as perspectivas políticas) pela via revolucionária ("terrorista" para os EUA e, por simpatia, para UE), como as FARC, não são para exibir em certames públicos.
Reconheço que a situação da Colômbia no contexto sul-americano, neste momento em ebulição e numa trajectória altamente desfavorável para os interesses regionais dos EUA, é muito complicada.
Todavia, não alinho nas concepções maniqueístas de interpretação política americana, isto é, a dicotomia do Bem e do Mal.
Existem outros problemas, nomeadamente, em que medida, o catalogado Bem não esconde o insanáveis Mal...
Seria bom compreender melhor a complexa problemática colombiana - neste momento dominada pela violência política e social - discuti-la sem paixões e sem anátemas prévios.
Apostilha:
Para sustentar a prosápia de Nuno Melo (CDS/PP) exibida na AR, falta-lhe autoridade política e ética.
O CDS tem colaborado (nomeadamente no "consulado" Portas) em iniciativas políticas da Front National de Le Pen, no nosso País.
A Front National é, no meu entendimento, um pertido neo-fascista. Não necessito que a UE o reconheça.
Ora, no nosso País estão legalmente proibidas actividades fascistas. Portanto, os pecadilhos de que o CDS acusa o PCP, são os seus próprios.
Quem tem telhados de vidro não atira pedras.
4 - O PCP aproveita esta oportunidade para denunciar as tentativas de criminalização da resistência ao grande capital e ao imperialismo e para reiterar a sua frontal oposição à classificação pelos EUA e União Europeia das FARC - uma organização popular armada que há mais de 40 anos prossegue, entre outros objectivos, a luta pela real democracia na Colômbia e por uma justa e equitativa redistribuição da riqueza, dos recursos naturais da Colômbia e da posse e uso da terra – como organização terrorista.»
Excert de uma Nota do Gabinete de Imprensa do PCP
A nota do gabinete de imprensa do PCP faz exactamente parte daquilo que classifico como as ... "insatisfatórias justificações burocráticas apresentadas".
Os incidentes - quando existem -não podem ser iludidos como notas como a do PCP.
É o formalismo burocrático.
Todos sabemos que a revista "Resistência" é a porta-voz das FARC.
Portanto, assumir os erros (que todos cometemos) e, não deitar areia para os olhos...
Por outro lado, as causas remotas da situação na Colômbia, onde a existência das FARC se insere, é um assunto mais sério, decididamente, não explicável numa nota oficiosa. Há, no mínimo, demasiados mortos pelo meio.
É difícil responder a um amigo pessoal de longa data, por quem tenho consideração pessoal, estima política e a quem reconheço o notável trabalho autárquico desenvolvido.
Mas esquecer os assassínios e raptos das FARC, sem pôr em causa a legitimidade dos objectivos políticos, é solidarizar-me com métodos que a minha consciência repudia.