A palavra (esclarecida) dos leitores
Hoje, em Genebra, a WHO (Organização Mundial de Saúde), em parceria com a UNICEF, apresentou um preocupante relatório em que questiona a capacidade de atingir os “Objectivos do Milénio” no que diz respeito ao saneamento e água potável.
Os “Objectivos do Milénio” são realistas e prioritários.
Pretendem, até 2015, reduzir para metade o n.º. de pessoas sem acesso a água potável e saneamento básico.
Esse n.º é alarmante – 1,1 mil milhões não tem acesso a água potável e, um maior número – 2,6 mil milhões – ao saneamento básico. Esta situação assume dimensões dramáticas nas áreas urbanas, em crescimento exponencial, onde se albergam “multidões" de pobres, fugidos dos exauridos meios rurais.
Segundo a UNICEF, diariamente, morrem 4500 crianças (com menos de 5 anos) por ingestão de água contaminada e ausência de medidas higiénicas básicas. Portanto, em 2005, terão morrido 1,6 milhões de crianças, devido a estas condições infra-humanas.Anders Nordstrom, director-geral da WHO, considera trágico que o Mundo não cumpra estas metas. E elas não são cumpridas por falta de vontade política (indecisão dos políticos, falta de financiamento, inexistência de programas de formação, planeamento e construção).
Dentro deste quadro negro, a situação vivida na África sub-sahariana é, simplesmente, desesperada.
Nós, por cá, na Europa, estamos “espantados” com a invasão diária de migrantes sub-saharianos. Desde Janeiro deste ano, "aportaram" às Canárias cerca de 2.500 migrantes, prevendo-se que nesta aventura pela sobrevivência tenham sofrido centenas de mortos. Em Agosto de 2004, a Europa assiste impávida e serena ao "salto" através da vala fronteiriça de Melilla de mais de 500 migrantes. Daí para cá, quer em Ceuta, quer em Melilla e, agora, nas Canárias, não pararam as tentativas de grupos de homens, mulheres e crianças, desesperados, perseguidos pelo espectro da fome, imersos numa vida sem futuro, tentarem – por qualquer meio – alcançar a Europa.
Observamos estes dramas, comodamente sentados no sofá, entretidos com o Telejornal e pensamos que nada temos a ver com isto. È lá longe.A Europa, politicamente “condenada” a descolonizar (uns voluntariamente, outros à força) no pós II Guerra Mundial, abandonou África. Ou melhor, “concedeu-lhe” o direito à independência mas preparou-se para aproveitar as consequências daí resultantes. A maior delas – o subdesenvolvimento resultante das providenciais dependências com as metrópoles colonizadoras. Daí nasce, e desenvolve-se, a pobreza, a fome, a seca, as doenças endémicas, etc.. Tudo isto agravado pela emergência de uma “classe” política africana, inexperiente, corrupta e, fundamentalmente, divorciada do mais rudimentar conceito de cidadania (não se exige, nem se espera, que perfilem os conceitos “ocidentais”). Inicia-se uma caminhada para o abismo, que atingindo quase todo este Continente é extremamente crítica na África sub-sahariana. Podemos, sem receio, dizer que, aí, se desbarataram as expectativas de vida. Os migrantes são movidos por um sentimento primário, incontrolável por valas, arame farpado, muros, etc. – a sobrevivência.
Hoje, estamos assim. Amanhã, os migrantes começarão a chegar, em botes improvisados, à Madeira, que geograficamente está no paralelo de Casablanca, Nesse momento, o problema vai entrar-nos em casa.
Tendo em conta o relatório da WHO, é melhor colocarmos as “barbas de molho”.
a) e-pá! (leitor e comentador habitual do Ponte Europa)
Comentários
Não chegará a haver água potável para o bilião de humanos que nunca tiveram acesso a ela;
Nem haverá barreiras que travem as correntes migratórias, cujo frenesi e desespero tenderá a aumentar, ao rumo que as coisas levam.
Para mim, isso significa a falência da civilização branca ocidental, mais do que a falência de qualquer outra. Porque ela é construída há séculos sobre a captura indevida dos recursos disponíveis no planeta, em prejuízo de outros.
A única hipótese de travar essas tendências referidas no post é o curto-circuito brutal duma guerra. Esse mecanismo foi sempre utilizado para drenar os abcessos das sociedades, dos países, dos impérios. Só que desta vez a guerra equivale a um cataclismo inimaginável e incontrolável.
Seja-me tolerado o pessimismo. Mas deixo aos optimistas, em que não incluo forçosamente o autor do post, (e aos inconscientes)o campo aberto e a heroicidade de continuarem a sonhar.
Completamente de acordo com as considerações.
Todavia, considero que os "Objectivos do Milénio" delineados pela WHO, são uma (tentativa) de resposta ao acumular de problemas no Mundo que, com optimismo ou pessimismo, deve ser apoiada. Mais, devemos imputar aos poderes políticos (dos países "desenvolvidos") a responsabilidade pela sua eventual não concretização.
Mas há diversos outros problemas entrosados nesta monumental questão.
Um deles, não abordado no comentário, é o facto de o despoletar deste movimento migratório, a partir de Africa para a Europa e para o Mundo, ser contemporâneo com o actual período - que no Ocidente denominamos por "era da globalização".
Assim:
- causa, coincidência ou consequência?
Creio que nesta pertinente troca de impressões é preciso introduzir a questão da bomba demográfica que é preciso controlar.
Há quem queira manter sem controlo a multiplicação da espécie pondo em risco a sua sobrevivência.
"... até prova em contrário, repito, até prova em contrário, Portugal é o 2º melhor da europa e o 4º melhor do mundo. Digam-me em que actividade estamos tão bem classificados..."
Este triste senhor, esqueceu-se que é Secretário de Estado do Desporto e não secretário de estado do futebol...
Será que ele já ouviu falar no hoquei em Patins???? será que já ouviu falar em Vanessa Fernandes... Foi uma pena, ficou-lhe tão mal... É isto o nosso Secretário de estado do DESPORTO!!! Tristeza...
A chamada "bomba demográfica", criação de Ehrlich (professor de estudos populacionais e de biologia em Stanford), tem vindo a ser desactivada.
Parece não terem funcionado todos previsíveis detonadores.
Um deles, porventura o que mais se relaciona com este tema - migrações, é a fome e a pobreza extrema.
Cerca de 600 milhões de pessoas - citando números da ONU - deitam-se com fome.
As previsões sobre a evolução da população mundial - neste momento 6,3 bilhões de habitantes - deverá em 2050 estar abaixo dos 9 bilhões (metade do crescimento inicialmente previsto)
A vinda das populações dos meios rurais para os centros urbanos, por si só, faz decrescer a taxa de natalidade. As crianças na cidade não têm a mesma utilidade que nos campos (...excluido o trabalho infantil).
Os sub-saharianos fogem para a Europa para não morrerem de fome, de sede e de doença na terra natal. Não para se reproduzirem por cá - podem fazê-lo lá, tranquilamente, debaixo o imbondeiro...se lhe restarem forças!
Mas a questão demográfica é um tema interessante no contexto da exaustão dos recursos naturais, por exemplo, a água.
Por onde tem andado, Eminência?
Apesar do carácter laico do Ponte Europa a sua presença é sempre saudada e a ausência sentida.
Não nos falte com amitra e o hissope.
É MITRA, não é AMITRA...
Coitado e diz-se este intelectual (só se for da cueca, dos homens claro)
Não é MITRA, e A MITRA (com artigo).
Peço desculpa aos leitores por não ter separado o artigo definido do substantivo.
Sou efectivamente um prevaricador ortodactilográfico. Procurarei corrigir-me.
Ou o cilício ou o corrector do Word não funcionaram, das duas três...
ah! ah! ah!....
mas eu sei que gostas...
Não costumo apagar nem responder à baixeza moral dos vermes mas, se a linguagem vergonhosa se mantiver, serão apagados todos os seus comentários.
Procure um sítio à altura da sua formação moral e intelectual.
Agradecia o obséquio de não fazer trocadilhos com os meus comentários.
Não fazer o quê???? tracadalhos com os teus cementarilhos??? Não percebi essa... :)