Democracia e religião

O Presidente da República, José Ramos-Horta, afirmou este fim-de-semana à Agência Lusa que "só um ateu ou um idiota governaria contra a Igreja" em Timor-Leste.

Esta confissão do presidente da República de Timor só pode ser compreendida à luz do fundamentalismo religioso e da capitulação do Estado perante a vocação teocrática dos dignitários eclesiásticos da religião dominante.

Estão ainda na memória as palavras autoritárias do bispo Ximenes Belo a dizer que em Timor nunca seria permitida a entrada de anticoncepcionais e, nem assim, alguém lhe perguntou por que razão nunca foi nomeado bispo titular de Díli.

A bomba demográfica compromete o desenvolvimento de Timor que não acompanha o ritmo reprodutivo do povo maubere e é responsável pelo desemprego que gera o caos e a violência no país onde o planeamento familiar é contrariado pela Igreja católica.

Um Estado nunca governa contra a Igreja, seja ela qual for, ou então não é democrático. Todos os crentes merecem igual respeito, quer acreditem que a Santíssima Trindade tem três pessoas ou trezentas, quer se virem para Meca ou insistam em derrubar o Muro das Lamentações à cabeçada.

O Estado deve ser neutro em questões religiosas e respeitar igualmente todas as crenças, descrenças e anti-crenças. Não há um método que permita diagnosticar qual é a religião verdadeira nem, qualquer uma, conseguiu provar a existência do seu deus.

Em democracia cabe ao Estado gerir o que é público e às religiões lidar com as crenças particulares. A promiscuidade entre a fé e a política só pode conduzir, a curto prazo, à opressão de um povo e, a longo termo, ao confronto entre a modernidade e a tradição.

Uma nação que começa a caminhar de joelhos demora a avançar de pé.

Comentários

Pai de Família disse…
Dois ou três Ramos-Horta é o que faz falta a Portugal.
Pai de Família:

Respeito as suas opiniões mas não aceito que se imponha a religião única ou o partido único.
Vá lá que pelo menos sabe distinguir os ateus dos idiotas...
ana disse…
A igreja em Timor é muito reaccionária, tem alimento abundante na probreza e ignorância do povo. Só porque, há uns anos, aprender Religião e Moral ia deixar de ser obrigatório nas escolas públicas, os srs. padres comandaram uma autêntica revolução, sem qualquer respeito pelas instituições democrática.

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