Isto é liberdade religiosa?
CIDADE DO VATICANO - O presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, monsenhor Gianfranco Ravasi, propôs nesta quarta-feira que as escolas italianas tenham uma hora de leitura da Bíblia por dia, para que os alunos “conheçam o grande código” da cultura católica e “entendam a identidade” da religião.
Comentários
A ICAR não aceita a laicidade do Estado, como jà tivemos ocasião de expôr e os poderes públicos (sujeitos a esta condição) têm sido complacentes, quando não cumplices. Vive-se numa aparente situação de meias águas (...é preciso não hostilizar a Igreja, etc,) mas na realidade em constante violação da separação de poderes e em contradição com o espírito de libertação da Revolução Francesa.
Quanto à Educação as suas ambições (da ICAR) sempre foram mais amplas e envolventes. Podemos atribuir-lhe pretensões hegemónicas. Entendem a Educação como uma vertente da solidariedade social - área onde dispõem de importantes apoios - e de uma concepção piedosa da vida.
A ICAR não compartilha da concepção da UNESCO que defende o desenvolvimento de um conceito integral dos fundamentos do conhecimento e assenta sobre 4 pilares:
1.) Afectivo-emocional
2.) Cognitivo – aquisição de conhecimentos;
3.) Ético-moral (cívica - nada tem a ver com a religião)
4.) Psicomotor
O objectivo fulcral é contribuir para o desenvolvimento harmonioso da personalidade da criança.
A ICAR não tem as mínimas condições para desempenhar estas funções, de modo que à falta de melhor, volta-se para a Bíblia, com o intuito de interpretá-la (há cada vez mais seitas a fazer isso...) e adaptá-la aos seus interesses.
Em muitos Países - como a Espanha - têm havido questões e quezílias, sobre esta pretensão, com os poderes publicos.
Em Portugal a tradição republicana do sec. XIX e início do séc. XX, tornou a Escola Pública viva, prestigiada e livre. Portanto aqui, querem entrar pela janela e instalar-se (como fizeram no Estado Novo).
Hoje, a Educação tornou-se uma área tão importante para a política, a democracia e o desenvolvimento dos Países, que a pretensão do monsenhor Ravasi está, ab initio, condenada ao fracasso.