A fé e a tolerância

Jorge Sampaio, defendeu hoje a necessidade de serem criadas novas políticas para responder ao problema da integração das minorias muçulmanas na Europa.

Partilho com Jorge Sampaio ideais políticos, descrença religiosa e tolerância. Admiro-o muito e continua a ser, para mim, uma referência ética e política. Penso que é a pessoa certa como Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações.

Nem posso dizer que estou em desacordo com a necessidade de integração das minorias, nomeadamente as de origem muçulmana, embora tenha algumas objecções contra nazis, pedófilos, proxenetas, traficantes e terroristas, minorias cuja integração se torna difícil sem renunciarem aos hábitos que contesto.

Não creio que o Islão seja uma civilização, como não o são o cristianismo e o judaísmo, por exemplo. São apenas religiões que influenciaram as civilizações e cultos, com forte pendor prosélito e vocação totalitária. Há, de facto, uma civilização árabe cujo declínio e fracasso se deve á deriva belicista e demente do Islão. O que faz uma civilização não é a fé que pratica, é a distância que mantém em relação às práticas religiosas individuais.

Não sei com que legitimidade se pode, em nome da tolerância, transigir com quem não respeita, onde é poder, as culturas e os credos alheios, no respeito pelo pluralismo que é condição indispensável da democracia. A freira assassinada, há dias, por fanatismo, e os cristãos erradicados no norte do Iraque merecem-me a solidariedade que não concedo aos cinco pilares do Islão.

A inclusão cidadã pode levar, e leva, à perda de identidade tribal, mas deve ser tentada. Integrar cidadãos é um dever, contrário à condescendência com práticas que humilham a mulher, torturam, impõem casamentos e fazem recomendações corânicas que, sendo do domínio da fé, são sobretudo casos de polícia.

Se não fosse o Iluminismo e a Revolução Francesa ainda hoje teríamos, na Europa, as monarquias absolutas e a ausência de liberdades. A laicidade do Estado tornou possível o pluralismo mas temo que a integração do proselitismo religioso e do Corão tornem a democracia inviável. Não estou disponível para renunciar ao pluralismo e confiar às religiões o que cabe ao sufrágio, secreto e universal.

As religiões que não se conformarem com a abolição da pena de morte, com a igualdade entre os sexos e a renúncia à xenofobia, ao racismo, ao ódio sectário, à homofobia e ao espírito misógino não podem andar à solta.

Em nome da civilização devem proteger-se os cidadãos dos demónios das suas crenças. As homilias que incitam ao ódio, à violência e ao crime caem sob a alçada da lei e os pregadores devem ser demandados ao abrigo do Código Penal.

Comentários

e-pá! disse…
CE:

Penso que Jorge Sampaio, na entrevista de ontem ao Público, não se referia a uma "guerra de civilizações" ou, mais propriamente, a uma "guerra de religiões".

Referia-se à integração das minorias (não me interessa a religião que professam).
E quanto a isso, estou completamente de acordo.
Deverá haver uma nova concepção política internacional sobre este assunto.
Quem alguma vez assistiu à brutalidade e desumanidade que se verifica, p. exº., no posto fronteiriço de Ceuta com Marrocos, não pode deixar de ficar sensibilizado quer para os fenómenos das migrações e da integração de minorias.
Por outro lado, recentemente, fomos testemunhas silenciosas e comprometidas de múltiplas "limpezas étnicas" - técnica repugnante, bárbara e criminosa de eliminação de minorias.

Que justificação tem a sociedade internacional para contemporizar, por mais um dia que seja, com a situação em Darfour?
Anónimo disse…
Off-topic:

Luanda
Polícia angolana resgata 40 crianças 'feiticeiras' em igrejas ilegais

Cerca de 40 crianças angolanas, acusadas de serem feiticeiras, foram hoje retiradas pela Polícia Nacional a duas igrejas ilegais, em Luanda, onde se encontravam para serem «curadas do mal»

Ler o resto aqui:

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=114262

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