O cheiro do dinheiro...

A União das Misericórdias repudiou hoje o decreto geral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) sobre a autonomia daquelas instituições, afirmando que a manutenção do documento provocará uma “fractura profunda” entre os católicos portugueses e a CEP.

Comentários

e-pá! disse…
O "decreto" da CEP é a versão neoliberal do emergente "mercado religioso" para coordenar a actuação da ICAR no campo social.

As Misericórdias são o "grosso" das instituições no nosso País [na maioria tuteladas pela ICAR] que se dedicam à solidariedade social.
Integram um sector cada vez mais importante - o social - que tem como objectivo "gerir" as prestações sociais, sob uma perspectiva caritativa e com benefícios de toda a ordem, inclusivé, fiscais.

O seu campo de acção é vasto e extende-se à saúde, à educação, à solidariedade social, etc.
O Estado tem "delegado" algumas das suas responsabilides [relativas ao Estado Social] em diferentes áreas. Na Saúde, p. exº., os cuidados continuados estão maioritáriamente a ser desempenhados por IPSS's onde, por detrás, se "encontram" muitas Misericórdias. É um longo trajecto histórico - desde os tempos medievos - e que se reforçou, há mais de uma década, no Governo de A. Guterres, decorrente da sua estreita relação com o então presidente da UM - Vitor Melícias.

Logo, a presente decisão da CEP portuguesa antecipa uma visão neoliberal para o futuro, onde o Estado Social será progressivamente esvaziado.
Um volume de "negócios" tão volumoso e uma posição tão relevante na área social tem necessáriamente de ter uma gestão centralizada - forte, eficiente e com influência política - que ultrapassa a União das Misericórdias. Aí surge a CEP.

O Estado, dentro do princípio da laicidade, não deveria divorciar-se desta quezília...
Ao fim e ao cabo, tratam-se de funções inerente ao Estado [dentro do modelo social vigente] que foram delegadas a instituições sociais. Tem o dever de regulação.

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