A política, o decoro e o bom senso

Sempre condenei os partidos que, cedendo ao populismo, permitiram que os deputados da A.R., titulares do órgão da soberania detentor das mais nobres funções democráticas, fossem remunerados de forma injusta, com vencimentos inferiores aos juízes e a muitos outros altos funcionários.

Dito isto, fico pasmado com o anónimo deputado, sofrível cidadão e execrável político que chamou a atenção a reivindicar o jantar na cantina do parlamento porque as medidas de austeridade o teriam reduzido à condição de indigente. Para que conste, o seu nome é Ricardo Gonçalves e ocupa um lugar na bancada do PS, esperemos que pela última vez.

Não interessa saber se o exótico deputado é um sábio legislador ou um néscio político, sei que, ganhando 3.700 euros de salário e 67 euros diários, de ajudas de custo, ofendeu gravemente quem é obrigado a viver do ordenado mínimo ou procura emprego.

Duvido que o senhor saiba qual é o rendimento médio das famílias portuguesas e saiba a que sacrifícios estão sujeitos os portugueses, como vivem os que lhe confiaram o voto ou que segurança sentem nos seus empregos. Este indivíduo, na impossibilidade de ser imediatamente despedido, devia renunciar ao mandato por decoro e ética republicana.

A um exemplar destes não lhe confiaria o lugar de porteiro porque não dá garantias de zelar melhor por essas funções. Nem sequer percebeu que as medidas de austeridade foram impostas pelo seu partido e que era sua obrigação acatá-las e defendê-las.

É desta massa que temos numerosos profissionais. Com gente assim não se recupera um país, afunda-se a ética e compromete-se o futuro.
Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

ana disse…
Esta gentinha não tem a mínima noção do país em que vive nem da nobreza das funções que desempenha. Defendo que deveria ser reduzido o número de deputados e que estes deveriam ser alvo de uma selecção muito exigente. Isto nunca acontecerá, obviamente.
Ramiro disse…
Comportamentos desta natureza poêm a nu as razões que lá os levam...
e-pá! disse…
Existem personagens tão desastradas, tão inaptas, que o vulgar cidadão tem dificuldade em compreender porque exercem cargos políticos relevantes... O facto de se submeterem a votos diluídos nas listas partidárias permite esconder muita miséria.
São atitudes como o que protagonizou Ricardo Gonçalves que conferem credibilidade aos defensores dos circulos eleitorais uninominais - facto que, empobrece a Democracia, esvaziando a representação parlamentar das minorias.

De facto, como ae afirma no anterior comentário [ana], estão criadas condições para que os portugueses e as portuguesas exijam a redução do nº. de deputados - pelo menos - para o mínimo constitucionalmente previsto [180 parlamentares]. Em Maio deste este ano decorreu uma petição que congregou cerca de 20.000 assinaturas sobre este tema e que deve ter entrado no rol do esquecimento...

Em termos de redução da despesa pública esta alteração pode representar uma mão cheia de peanuts [redução de 50 deputados representaria alguns milhões de euros?...], mas é, em termos politicos - e nos tempos que correm - altamente pedagógica.
JARRA disse…
Não deixemos cair as sugestões de e-pá. Façamos da diminuição do nº de deputados o início da remodelção administrativa do país - Concelhos com dimensão decente (15 000 habitantes?) freguesias maiores que prédios ( 3000? ). Pode-se poupar muito sem piorar nada! Começando pelos deputados talvez eles percebam ...
FH disse…
http://www.youtube.com/watch?v=3aC4A7bSnXU

ou

http://www.youtube.com/watch?v=ZxruR3Q-c7E

só para ver como é na Suécia!!

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