Momento zen de segunda_11_03_2013
João César das
Neves (JCN) ensandeceu. Na homilia
de ontem, no DN, sob o título «A crise terrível», atira-se à comunicação
social como Maomé ao toucinho. Tudo o que se diga do bairro de 44 hectares,
pejado de sotainas, que não agrade ao bem-aventurado, não passa de tese básica
e simplismo habitual.
Para JCN, « A
suposta "crise terrível" nunca passou de uma invenção de comentadores
exaltados» e «Por acaso a Igreja passa
por uma fase particularmente feliz da sua longa história». Não se adivinha onde JCN descobriu «uma sequência
de papas santos e brilhantes, unidade do clero à volta do magistério (…) e
enorme aumento de fiéis», que torna a Igreja «mais ágil, sólida e diligente»!
A crise terrível é inventada por «adversários assustados». O
sucesso estrondoso das iniciativas de João Paulo II, durante 27 anos, e o
sucesso igualmente espantoso de Bento XVI devem-se a «uma força poderosa que
alimenta todos os papas, por serem papas».
O escândalo da pedofilia, lançado por jornais hostis,
fizeram um precioso favor à Igreja – diz JCN –, porque eliminaram do seu seio
criminosos horríveis. «O que assusta é só atenderem aos poucos casos de
pedofilia dentro da Igreja, sem ligar aos de fora, que são a esmagadora maioria»
–, diz o beato.
O devoto só não explica o papel dos papas no encobrimento
dos «criminosos horríveis» nem o hábito dos bispos em transferirem os
predadores para outro local de caça. Não explica a abdicação de B16, apenas
afirma que «Consciente da missão central que lhe compete, salvar a humanidade
neste momento tão difícil, achou que se deveria dedicar à tarefa fundamental, a
oração diante de Deus, entregando a alguém mais jovem a condução dos assuntos
operacionais». Pensará em alguma guerra santa?
Não sei se JCN acredita que as orações demovam Deus da indiferença
a que se remeteu quanto aos negócios do Vaticano e nada diz sobre o
branqueamento de capitais a que o pio Banco se dedica.
JCN acredita em qualquer papa e na bondade divina como um
talibã nas profecias de Maomé. Para ele, a luta pelo poder não se desenrola no
conclave que hoje começou. Os cardeais apreciam a beleza da Capela Cistina enquanto
aguardam os sinais do Espírito Santo para elegerem um, alheio à vontade da Opus
Dei e indiferente aos dinheiros do I.O.R.. Já esqueceu as sábias palavras do
arcebispo Marcinkus que lembrou que a Igreja não se governa com terços mas com
dinheiro. Parece que os documentos secretos roubados não mostram que há um
poder acima dos cardeais a quem foram recusados. E esse poder não vem do Deus
de JCN, mergulha fundo em séculos de cumplicidades e de relações suspeitas, na
promiscuidade entre as máfias santas e as profanas.
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