As autarquias, as eleições e a lacidade
Compreende-se que, em anos eleitorais, os autarcas preparem a reeleição e a vitória partidária. Apesar do excesso de autarquias, a exigir a eternamente adiada reforma administrativa, não falta dinheiro para passear idosos e oferecer-lhes lembranças, com o pretexto de apoiar os velhos, agora designados seniores.
A desejável disputa partidária não pode confundir-se com o suborno do eleitorado, nem pôr em causa os princípios da laicidade e da ética republicana.
Já começaram as excursões a Fátima, no ano em que se conjugam o centenário das alegadas visões dos pastorinhos, a suposta crença dos idosos e as eleições autárquicas. Os autarcas oferecem a viagem, o seguro e o almocinho, não tanto por acreditarem em milagres, mas porque sabem que quem dá aos velhos recebe em votos.
A comunicação social já transformou as alegadas visões, de há um século, em aparições, sem aspas, o baile do sol em milagre e as visões da D. Lúcia, revistas e aumentadas, em profecias. A vinda do papa, aliás pessoa de bem, é o golpe de marketing combinado.
Num país em que a superstição e o atraso da ditadura ainda se fazem sentir não é crime pactuar com a encenação pia, mas não é bonita ação e, muito menos, que seja praticada com o dinheiro público, à revelia do espírito da Constituição e da decência.
É o contubérnio entre a administração pública e o clero católico que vai esmorecendo a vigilância cívica às novas religiões, que disputam o mercado da fé de forma agressiva, ou a uma antiga que a procura impor à bomba.
A desejável disputa partidária não pode confundir-se com o suborno do eleitorado, nem pôr em causa os princípios da laicidade e da ética republicana.
Já começaram as excursões a Fátima, no ano em que se conjugam o centenário das alegadas visões dos pastorinhos, a suposta crença dos idosos e as eleições autárquicas. Os autarcas oferecem a viagem, o seguro e o almocinho, não tanto por acreditarem em milagres, mas porque sabem que quem dá aos velhos recebe em votos.
A comunicação social já transformou as alegadas visões, de há um século, em aparições, sem aspas, o baile do sol em milagre e as visões da D. Lúcia, revistas e aumentadas, em profecias. A vinda do papa, aliás pessoa de bem, é o golpe de marketing combinado.
Num país em que a superstição e o atraso da ditadura ainda se fazem sentir não é crime pactuar com a encenação pia, mas não é bonita ação e, muito menos, que seja praticada com o dinheiro público, à revelia do espírito da Constituição e da decência.
É o contubérnio entre a administração pública e o clero católico que vai esmorecendo a vigilância cívica às novas religiões, que disputam o mercado da fé de forma agressiva, ou a uma antiga que a procura impor à bomba.
Comentários
Há alguns anos, 2011, foi o Fado (património mundial), no ano passado o Futebol (campeão europeu), este ano o jubileu de um duplo F - Fátima e Francisco.
Não é propriamente marketing. São manobras de diversão e assim a política doméstica e as manifestações paroquiais vão passando ao lado de um outro F - Finanças - que, de facto, condiciona o País.