Benoit Hamon et ‘la gauche de la gauche’…
As eleições primárias para o candidato do PSF à presidência da República Francesa têm um enorme significado político.
Benoit Hamon venceu as eleições com uma margem confortável de votos sobre Manuel Valls link.
Não se tratou de uma disputa qualquer. Foi um confronto entre a Esquerda liberal e a social. Venceu esta última.
Este foi mais um momento em que a Esquerda, num País europeu, se esforça por clarificar a sua posição política. Não se trata simplesmente da ‘Esquerda da Esquerda’ link, mas antes a Esquerda política, económica e social assumindo as matrizes ideológicas do socialismo.
A Esquerda não deve lamentar o ocorrido baseando-se em cálculos contabilísticos (de putativos votos) mas antes devia envergonhar-se de, ao longo das últimas décadas, ter ‘oferecido’ aos eleitores um modelo de gestão da trama capitalista, adocicando-o. Para usar uma expressão popular ‘ de ter vendido a alma ao diabo’.
Provavelmente, Benoit Hamon, não vai ter um bom resultado eleitoral. Mas a relevância da sua candidatura e do seu combate será a capacidade (e a oportunidade) gerada para proceder a uma clarificação da postura socialista que esteja em consonância com a História e a Doutrina.
Desde os malabarismos ‘sócio liberais’ da 3ª. via, encenados por Tony Blair e seguidos por outros dirigentes europeus que habitavam (ou ainda habitam) o campo socialista, que a Esquerda descaracterizou-se profundamente e tem perdido sucessivamente capacidade de intervir no campo político e social, com evidentes custos eleitorais.
É significativo que este sobressalto tenha acontecido, agora, em França. Há poucos meses atrás sucedeu algo de semelhante no Partido Trabalhista britânico quando ‘blairistas’ tentaram escorraçar Jeremy Corbyn por este estar a combater a deriva sócio liberal do Labour (em curso desde Blair).
O facto de dois dos grandes países europeus (França e Grã-Bretanha) estarem a retificar o percurso partidário das últimas décadas no âmbito da social-democracia e do socialismo, não trará resultados imediatos, mas é uma lufada de ar fresco que, a médio prazo e a longo prazo, oxigenará a Esquerda fazendo-lhe bater o coração e capacitando-a para eliminar os resquícios neoliberais que ainda perduram e, finalmente, combater eficazmente o populismo emergente.
Comentários
Também pressinto que estas clarificações poderão ser tardias.
Mas a situação é mais complexa do que isso: Será preferível morrer de pé do que de joelhos. Ainda por cima carregando às costas causas dos 'outros'...
Uma marginalidade: Mais peregrina do que a ideia de cobrar impostos ao uso de robots será a ameaça de transformar a Inglaterra (é disso que se trata e não do RU) num 'paraíso fiscal'.
Por outro lado, não deveríamos ficar surpresos, já que uma dependência da Coroa (sem integrar o RU), a ilha de Man, foi um dos primeiros paraísos fiscais que veio ao Mundo... e continua a integrar a longa rede de offshores, sob a tutela britânica, continuando a 'alimentar' a city londrina e o orçamento do reino.