Donald Trump e o Partido Republicano

O Partido Republicano, fundado por abolicionistas, partido cujo primeiro presidente foi Abraham Lincoln, dificilmente se reconheceria no trajeto iniciado há trinta anos, sob a influência da Direita Religiosa, radicalizado pela chegada do Tea Party e bem-sucedido com o extremista Donald Trump, com o apoio não repudiado da Ku Klux Klan. Aliás, Trump faz a síntese da pior herança das últimas três décadas e acrescenta o exuberante apoio ao sionismo judaico.

Trump não é um risco, que as promessas feitas na campanha presidencial prenunciavam, é uma ameaça trágica pela obstinação em cumpri-las.

Racista, misógino e exibicionista, falta-lhe preparação, sensatez e equilíbrio para dirigir o mais poderoso país. Com a sua vitória eleitoral tornou-se o homem mais perigoso do mundo. Com maioria republicana no Congresso (Câmara dos Deputados + Senado) e no Supremo Tribunal (Suprema Corte), cujos juízes são nomeados pelo PR e confirmados pelo Senado), Trump é o mais poderoso dos Presidentes dos EUA e do Mundo.

Ao fazer da China, o seu maior credor, o inimigo principal, da Palestina um quintal de Israel e do Mundo um espaço de negócios, Trump pode fazer com que a crise de 2008 pareça um incidente perante a previsível catástrofe.
O direito internacional, como sucede com os aprendizes de ditador, é apenas um ligeiro obstáculo à vontade de um narcisista sem ética, cultura e formação política, indiferente ao aquecimento global, ao drama dos refugiados, à pobreza e à saúde dos desvalidos.

Os 8 homens mais ricos do mundo, 6 americanos, 1 espanhol e 1 mexicano, detêm mais riqueza do que a metade mais pobre da Humanidade. Com Trump, tendem a reduzir-se.

Por trás de Trump há uma redefinição geoestratégica. A sua retórica podem ser a cortina de fumo para a real política externa dos falcões que o apoiam e de interesses sectoriais americanos, mas as circunstâncias e o homem não podem ser ignorados.

A União Europeia, avessa à integração económica, social e política, conseguiu tornar-se anã no xadrez mundial, apesar de ter maior PIB e mais população do que os EUA. Está abandonada à desintegração e redefinição de fronteiras.

O ar que se respira lembra o dos ventos que sopraram antes da II Guerra Mundial.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

e-pá! disse…
De facto, há uns meses atrás, seria impensável concebermos os EUA comandado por postagens de twitter.

Aquelas toscas peças de propaganda de estar todos os dias transmitir pela TV cerimónias de assinaturas de 'ordens executivas', muitas delas meras intenções, mostram que há uma estratégia planeada e diligentemente executada pelo staff que rodeia o presidente, segundo um velho princípio de Goebbels (da renovação), bombardeando a opinião pública, todos os dias, com novos factos, atirados em catadupa, para que não haja tempo para rebater e pensar, vão obrigatoriamente conduzir o Mundo ao desastre.

E estamos no início de mais uma insana cruzada (como de resto foram todas as que a história nos relata)...

Quando o centro de gravidade da atuação de Trump se deslocar para o 'inimigo principal' (China) vão começar a soar, por todo o lado, as campainhas.
Bem, por todo o lado, é um eufemismo já que a UE está a adaptar-se a uma atitude complacente que, como a vida nos ensina, conduzirá inevitavelmente a uma miserável capitulação.

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