A Europa e as migrações
Nem os fenómenos migratórios são novos nem o racismo e a xenofobia são sentimentos recentes, muitas vezes dos imigrantes chegados há pouco, dos que facilmente esquecem como vieram, quando chegaram e de onde partiram.
A Europa foi sempre um espaço de encontro de povos, que deve à miscigenação a força da sua gente e ao caldo de culturas a fonte do progresso, tornando-se farol de esperança e destino sonhado de multidões em fuga, na luta pela sobrevivência.
A vaga de refugiados que a tem procurado não é excessiva e podia ser a garantia do seu rejuvenescimento, neste inverno demográfico que a atingiu. Aliás, muitos dos refugidos são produto das políticas predadoras de países europeus e de agressiva interferência em regimes de outras nações, em outros continentes, mas é difícil combater a rejeição que alastra nos países desta Europa onde nem a Senhora Merkel, a sua maior estadista deste século, consegue convencer o próprio país a não repetir o passado que devia assustá-lo.
Há erros graves cometidos, desde a anuência ao comunitarismo, em vez da exigência da integração cidadã, até à resignação à afronta ao ethos civilizacional da matriz europeia, herança do Renascimento, do Iluminismo e da Revolução Francesa, e não resta espaço e tempo para o que era desejável. É urgente encontrar solução para o que é possível, numa síntese entre a vontade autóctone e a solidariedade que nos interpela.
Não podemos aceitar todos os que pretendem vir; nem copiar a Hungria, onde o apoio a qualquer refugiado passou a crime punível com prisão; nem abandonar os infelizes que nos procuram, e se afogam no Mediterrânio com os sonhos, as mulheres e as crianças.
Não podemos deixar que o medo nos vença, que a laicidade seja trocada pela cedência às religiões, que as escolas públicas sejam substituídas por madraças, e os desesperados se transformem em prosélitos e estes em inimigos. Não podemos ficar reféns do medo e pactuar com quem ameaça substituir o cosmopolitismo pelo comunitarismo, com o ódio como alimento, a crueldade como política e a construção de muros como desígnio.
O exemplo mais indigno vem do presidente dos EUA, inculto e amoral, que separou dos pais os filhos, muitos já sem paradeiro conhecido, transformando crianças aterrorizadas em órfãos da Casa Branca. A vileza e a insensibilidade estão à altura do seu poder.
É essa suprema ignomínia que não podemos importar, é essa deriva fascista que não nos pode contaminar sob pena de renunciarmos à civilização que tem sido o traço comum entre a Europa e a América.
A Europa foi sempre um espaço de encontro de povos, que deve à miscigenação a força da sua gente e ao caldo de culturas a fonte do progresso, tornando-se farol de esperança e destino sonhado de multidões em fuga, na luta pela sobrevivência.
A vaga de refugiados que a tem procurado não é excessiva e podia ser a garantia do seu rejuvenescimento, neste inverno demográfico que a atingiu. Aliás, muitos dos refugidos são produto das políticas predadoras de países europeus e de agressiva interferência em regimes de outras nações, em outros continentes, mas é difícil combater a rejeição que alastra nos países desta Europa onde nem a Senhora Merkel, a sua maior estadista deste século, consegue convencer o próprio país a não repetir o passado que devia assustá-lo.
Há erros graves cometidos, desde a anuência ao comunitarismo, em vez da exigência da integração cidadã, até à resignação à afronta ao ethos civilizacional da matriz europeia, herança do Renascimento, do Iluminismo e da Revolução Francesa, e não resta espaço e tempo para o que era desejável. É urgente encontrar solução para o que é possível, numa síntese entre a vontade autóctone e a solidariedade que nos interpela.
Não podemos aceitar todos os que pretendem vir; nem copiar a Hungria, onde o apoio a qualquer refugiado passou a crime punível com prisão; nem abandonar os infelizes que nos procuram, e se afogam no Mediterrânio com os sonhos, as mulheres e as crianças.
Não podemos deixar que o medo nos vença, que a laicidade seja trocada pela cedência às religiões, que as escolas públicas sejam substituídas por madraças, e os desesperados se transformem em prosélitos e estes em inimigos. Não podemos ficar reféns do medo e pactuar com quem ameaça substituir o cosmopolitismo pelo comunitarismo, com o ódio como alimento, a crueldade como política e a construção de muros como desígnio.
O exemplo mais indigno vem do presidente dos EUA, inculto e amoral, que separou dos pais os filhos, muitos já sem paradeiro conhecido, transformando crianças aterrorizadas em órfãos da Casa Branca. A vileza e a insensibilidade estão à altura do seu poder.
É essa suprema ignomínia que não podemos importar, é essa deriva fascista que não nos pode contaminar sob pena de renunciarmos à civilização que tem sido o traço comum entre a Europa e a América.
Ponte Europa / Sorumbático
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