As notícias falsas, ao mais alto nível

Quem acreditava num módico de honradez ao nível dos chefes de Estado e de Governo de países respeitáveis ficou destroçado com as armas químicas que Bush, Blair Aznar e um pouco qualificado mordomo inventaram para invadir o Iraque.

As armas químicas tinham, aliás, existido e sido usadas por Saddam contra os curdos, e a proveniência era de quem então o acusou quando sabia que já não existiam. Esvaiu-se a fé nos políticos mais poderosos e deixou de se acreditar que ao máximo poder deveria corresponder um mínimo de ética.

Hoje, uma década depois da sinistra invasão do Iraque, não paramos de nos surpreender com as mentiras e de pôr em dúvida as eventuais verdades.

Na Síria, após sete anos de guerra, 350 mil mortos e mais de 3 milhões de deslocados, a acusação a Bachar Al-Assad de ter usado armas químicas que, no passado, tinha usado, para a retaliação adrede preparada, foi decerto falsa, pois tanto os radicais do Estado Islâmico (DAESH), como os da Al-Qaeda, designada Jaysh al-Islam, também possuíam armas químicas e utilizaram-nas em vários momentos. Esta informação foi dada por Erdogan, “califa” da Turquia, em plena conferência de imprensa, irritado pela pergunta de um jornalista sobre o financiamento das atividades do Daesh, no Iraque e na Síria, responsabilizando os americanos (TV France 24, 15-03-2018).

O caso do espião Skripal e filha, num cenário de conflito entre o Ocidente e a Rússia, é uma acusação cujo ónus da prova continua a ser do Reino Unido para descrédito da Sr.ª May, capaz de ser ainda menos credível do que o frio e perigoso Putin.

Recentemente, a Ucrânia simula o assassinato de um espião e acusa outro País, no caso, a Rússia. Esta desmente, a UE solidariza-se contra a Rússia, e o presidente declara que foi genial o embuste. O patife aldrabão foi esquecido e a UE rumina a humilhação.

Depois disto, alguém se admira que a dúvida paire sobre a acusação à Rússia quando o avião do voo MH 17 foi derrubado por um míssil, quando sobrevoava a Ucrânia, em 2014, causando 298 mortos?

Quando líderes de países que são a referência da nossa civilização se comportam como os que acusam e criam a desconfiança, os eleitores preferem votar em biltres populistas, vendedores de utopias, à estabilidade de categorizados mentirosos que descredibilizam os partidos tradicionais.

Esta é a tragédia que se agrava em cada dia que passa.

Comentários

Manuel Galvão disse…
É tudo manipulação da opinião pública usando os meios de comunicação "normalmente bem informados". A probabilidade de que alguma notícia veiculada nestes media seja verdade é muito pequena.
No entanto as pessoas continuam a comprar o jornal CM a ver TVs como CMTV, as quais, quanto menos credíveis mais vendem.
O que as pessoas querem é ter motivos para fazerem fofoquices, aumentarem suas oportunidades de indignação. Dá-lhes prazer o tipo de adrenalina que lhes invade o sangue quando se indignam.
Não deixa de ser uma forma barata de ser viciado...
~ Meus caros: é de todos sabido que a única verdade que os jornais trazem é a data! E muitas vezes nem esta é verdadeira,as páginas onde consta são impressas de avanço!
Do mesmo modo os outros meios de informação: a aproximação da verdade, (o que é a verdade?),nunca é o que lá consta. Temos sempre de tentar adivinhá-la,por trás das palavras,medindo as preferências de quem escreve ou fala,pesquisando outros meios de informação,ir ao local vêr,insistir em apalpar os destroços do Canadair caído nos incêndios!
Não é fácil,pois não.A alternativa é engrossar o rebanho de carneiros que sempre segue a cauda do anterior, até ao barranco que fecha o ciclo...

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