A menina do cartaz e a eutanásia

Vera Guedes de Sousa é uma aluna de medicina que se tornou conhecida por empunhar o cartaz onde se exonera a inteligência e se apela ao medo. Pode vir a ser uma razoável médica, mas será uma medíocre cidadã e excelente rata de sacristia.

Quando um assunto tão sério, em que se trata da morte, não é discutido, e apenas serve para assustar os incautos, como outrora se aterrorizavam os crentes com as labaredas do Inferno, não estamos no domínio do racional, entramos no terrorismo psicológico.

É tão legítimo defender uma posição como a sua contrária, embora, no que diz respeito à eutanásia, se confronte um direito individual, que não obriga ninguém, com a decisão de quem impõe a todos a sua própria convicção.

O chumbo legislativo, em que pesaram mais os cálculos eleitorais e as guerras internas do ainda maior partido parlamentar, do que as convicções individuais, não extinguiu o problema nem tornou irreversível a solução.

Raras matérias são tão transversais a todo o espetro político e tão diversas as posições dentro de cada partido, e não se pode honestamente dizer que a eutanásia não tenha sido amplamente discutida nos órgãos de comunicação social, nas missas e na sociedade.

Os que negam o direito que, repito, não obriga quem quer que seja, hão de sempre dizer que o assunto não está suficientemente discutido ou assimilado, e confundir o direito à vida com a proibição de escolher a morte quando aquela se torna de todo insuportável.

Há sempre uma Vera, uma Isabel ou um Aníbal à espera de fazerem prova de vida e de intolerância, mas a sociedade, cujos costumes evoluem, deixará os moços de recados a falar sozinhos enquanto os legisladores acautelam abusos e aceitam os direitos de quem nunca pensou passar pelo desespero de escolher “antes a morte do que tal vida”.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

Manuel Galvão disse…
"quando aquela [a vida] se torna de todo insuportável." é frase a mais.

Assim como me parece pouco razoável que seja INSTITUÍDO o direito a obter de outrem o golpe de misericórdia. É perigosa essa instituição. O suicídio deve ser um ato solitário. Se não o for é porque aquele que diz querer morrer não o quer realmente.

As pessoas deviam ter o direito ao suicídio. Ponto final. Pelo que deviam ser permitidos os kits de suicídio, tecnológicos, eficazes, fáceis de utilizar por qualquer pessoa. Por forma que fosse possível, ao utilizá-los, provar que tinha sido o próprio quem decidiu matar-se. Tinham, por exemplo, uma câmara que filmava o ato e que permitia uma confissão em tempo real.

A Ciência está tão avançada que não deve ser muito difícil encontrar 50 modelos diferentes e igualmente eficazes.

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides