DONALD TRUMP - entre o riso e a decadência…


A situação mundial é complexa e instável a começar pelos problemas climáticos e potenciada pelos vários conflitos (ativos e/ou latentes) em curso, ou em incubação, que começam nas guerras locais e regionais e se estendem nas disputas comerciais, sob o signo do protecionismo, que ameaçam a economia mundial.  

Seria normal que estes assuntos marcassem a 73ª. Assembleia Geral das Nações Unidas (AG/ONU) a decorrer em Nova Iorque e que o Mundo assistisse a um conjunto de análises e propostas para enfrentar e resolver estes múltiplos desafios.

Todavia, o que acabou por marcar a AG/ONU foi o surto de risota que irrompeu na intervenção de Donald Trump neste areópago internacional link.
 
O discurso de Trump na ONU aproxima-se muito da stand-up comedy. A peroração, confusa e errática, tem várias leituras. Nenhuma delas gratificantes. Mas o mais preocupante foi a defesa de um unilateralismo saloio e a exibição da força, embora o registo mediático fique pelo burlesco da risota quando resolveu autoelogiar a sua Administração.
 
Há situações em que o riso pode ser um instrumento de subversão e até uma contracultura. Quando, como sucedeu na AG/ONU, com a arenga de Trump, o riso toma conta da materialidade discursiva estamos colocados perante insondáveis desafios. O mais notório será a evidência do suicidário isolacionismo que infetou a Administração Trump.
A par do riso existirá o sonho. Donald Trump desafia tudo isto mas, simultaneamente, tortura o sonho do multilateralismo (a essência da ONU).
Tornou-se numa espécie de bufão da política internacional e, em cada intervenção pública, confirma a sua inadaptação para o cargo.
 
Pior só o remate à posteriori. Quando entrevistado sobre a risota que coroou a sua intervenção não tem qualquer rebuço em afirmar: ”Eles não riram de mim, riram comigo, nos divertimos…link.
Trump não compreendeu – ou não quis entender - o significado da risota na ONU e pretende mistificar o seu alcance. Esqueceu-se que na assistência estavam reunidos presidentes, chefes de Governo e diplomatas. Não foi impunemente que a compostura – entre os arautos do politicamente correcto - se desfez em riso.
 
O riso é frequentemente a expressão de um sentimento de desprezo, de chacota ou, indo mais além, uma certa manifestação de ‘ódio’, para invocarmos a velha filosofia cartesiana.
 
Logo, depois da intervenção, numa conferência de imprensa mais não fez do que tentar travestir a stand-up comedy que protagonizou, numa banal prestação de ‘clown’.
 
Ora, um clown por mais malabarista que seja não pode alimentar pretensões em ‘governar’, ou influenciar, o Mundo.
O ridículo – esse indissociável catalisador do riso – vive à custa do disforme, do diletantismo, do mal-intencionado e da falta de idoneidade.

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