O Vaticano, o clero e o poder
O Vaticano não é apenas a sede da multinacional da fé católica, em concorrência direta com outros monoteísmos, e a ambição de penetrar em outros mercados de crenças mais ou menos teístas, é um centro de poder político à escala global.
O cristianismo, nascido da primeira cisão bem-sucedida do judaísmo, foi sempre palco de cisões, que tiveram como pretexto a ortodoxia e o poder como objetivo. Há no clero, de qualquer religião, imensa ânsia de poder e especial apetência por verdades únicas.
Tendo as democracias nascido contra a vontade das Igrejas, e graças à repressão política sobre o clero, compreende-se que se tornem tanto mais vulneráveis quanto mais se identifiquem com regimes democráticos e prescindam da opressão no seu seio.
Não estão em causa os dogmas ou a hipotética existência de Deus nos ódios que nascem no interior da Igreja católica, acossada pelo fascismo islâmico e pelo poder financeiro e político de Igrejas evangélicas cujo proselitismo é hoje o que foi o da Igreja católica na Idade Média ou no advento do fascismo. O que está em causa é o poder. Simplesmente.
A chegada do Papa Francisco ao Vaticano, certamente com vários cardeais distraídos e o Espírito Santo ausente do consistório que o proclamou, permitiu à Igreja católica um prestígio acrescido, apesar de manter pujante a indústria dos milagres e em exercício os exorcistas que afugentam demónios, atividades em que apenas os seus fiéis acreditam.
A condenação da pena de morte, um abalo enorme na moral dos padres reacionários, foi uma deceção para os que ainda hoje gostariam de acender fogueiras contra os hereges.
Não surpreende, pois, que o primeiro Papa que apostou combater a pedofilia tenha sido a sua vítima. Os que sempre protegeram os pedófilos, condescenderam com o tráfico de crianças roubadas a mães solteiras ou à guarda de instituições pias, foram os primeiros a tentar derrubar o Papa, agora que a comunicação social está mais alertada para aditivos alimentares e medicamentosos.
A Igreja católica está à beira de um cisma, mas os autores serão os que pretendem que o Vaticano abençoe a deriva fascista que contamina a Europa e a América, especialmente a América latina.
Os ataques ao Papa Francisco não são uma quezília interna, fazem parte da conspiração contra as democracias constitucionais, a que chamamos Estados de Direito.
Surpreendentemente, os bispos portugueses decidiram apoiar o Papa, o que é bom sinal. Esperemos que os democratas, ateus, agnósticos ou católicos, acertem na barricada. É o poder que está em causa. Dentro e fora da Igreja.
O cristianismo, nascido da primeira cisão bem-sucedida do judaísmo, foi sempre palco de cisões, que tiveram como pretexto a ortodoxia e o poder como objetivo. Há no clero, de qualquer religião, imensa ânsia de poder e especial apetência por verdades únicas.
Tendo as democracias nascido contra a vontade das Igrejas, e graças à repressão política sobre o clero, compreende-se que se tornem tanto mais vulneráveis quanto mais se identifiquem com regimes democráticos e prescindam da opressão no seu seio.
Não estão em causa os dogmas ou a hipotética existência de Deus nos ódios que nascem no interior da Igreja católica, acossada pelo fascismo islâmico e pelo poder financeiro e político de Igrejas evangélicas cujo proselitismo é hoje o que foi o da Igreja católica na Idade Média ou no advento do fascismo. O que está em causa é o poder. Simplesmente.
A chegada do Papa Francisco ao Vaticano, certamente com vários cardeais distraídos e o Espírito Santo ausente do consistório que o proclamou, permitiu à Igreja católica um prestígio acrescido, apesar de manter pujante a indústria dos milagres e em exercício os exorcistas que afugentam demónios, atividades em que apenas os seus fiéis acreditam.
A condenação da pena de morte, um abalo enorme na moral dos padres reacionários, foi uma deceção para os que ainda hoje gostariam de acender fogueiras contra os hereges.
Não surpreende, pois, que o primeiro Papa que apostou combater a pedofilia tenha sido a sua vítima. Os que sempre protegeram os pedófilos, condescenderam com o tráfico de crianças roubadas a mães solteiras ou à guarda de instituições pias, foram os primeiros a tentar derrubar o Papa, agora que a comunicação social está mais alertada para aditivos alimentares e medicamentosos.
A Igreja católica está à beira de um cisma, mas os autores serão os que pretendem que o Vaticano abençoe a deriva fascista que contamina a Europa e a América, especialmente a América latina.
Os ataques ao Papa Francisco não são uma quezília interna, fazem parte da conspiração contra as democracias constitucionais, a que chamamos Estados de Direito.
Surpreendentemente, os bispos portugueses decidiram apoiar o Papa, o que é bom sinal. Esperemos que os democratas, ateus, agnósticos ou católicos, acertem na barricada. É o poder que está em causa. Dentro e fora da Igreja.
Comentários
É gente dissimulada e prudente. E manhosa e de poucas falas.
Para mim estão a aguardar em que direcção soprará o vento.
Se o Papa Francisco vencer - porreiro, estiveram com a hierarquia.
Mas se Francisco for afastado, serão dos primeiros a aderir à nova ordem!
Aguardemos!
Os bispos portugueses limitaram-se a condenar a pedofilia que grassa no seio da ICAR. Trata-se de uma redundância já que essa condenação é um denominador comum entre os cidadãos livres, esclarecidos e honestos, sejam crentes, agnósticos ou ateus.
O 'problema cismático' será outro e estará na exortação 'Amoris Laetitia' elaborada por Jorge Bergoglio - à boa maneira jesuíta - que surgiu após o recente sínodo realizado sobre a temática da família.
O 'Amoris Laetitia' suscitou do sector ultramontano da Igreja uma profunda reação contra. O documento "Correctio filialis de haeresibus propagatis" subscrito por mais 40 eminentes clérigos (com diferentes posições hierárquicas no Vaticano e na Cúria) enumera várias erros doutrinários (heresias) sobre assuntos fulcrais do chamado 'apostolado da família' ( casamento, a vida moral e a recepção dos sacramentos, entre outros) e causou muitas turbulências na Igreja numa clara afronta à autoridade teocrática do chefe religioso.
Sendo este documento o principal motor de contestação ao actual papado é fácil verificar as atitudes dúbias do episcopado português, nomeadamente através das posições expressas pelo cardeal Manuel Clemente acerca do acesso dos (re)casados aos ditos sacramentos.
Não tendo a coragem de opor-se ao que o 'Amoris Laetitia' exorta e que originou o supracitado documento ( Correctio filialis de haeresibus propagatis) enveredou por manobras de diversão e percorrer o caminho de absurdos e negações (práticas) advogando que para o acesso aos ditos sacramentos deveria existir uma união 'em continência'.
É aqui que está sediada a contestação e que a Conferência Episcopal Portuguesa contorna oferecendo o seu apoio na 'jornada anti-pedofilia' naquela posição confortável de 'chover no molhado'.
Quanto ao grassar da pedofilia na ICAR estamos todos preparados para ouvir outra coisa, isto é, o 'coro dos humilhados e ofendidos', em detrimento de gestos penitenciários públicos, divorciados de medidas concretas e eficazes ...
Uma coisa é uma situação do âmbito criminal e outra será as do domínio doutrinário. Sobre estas últimas o que se escuta é um ruidoso silêncio da Conferência Episcopal muito à hipócrita maneira de Pilatos (lavando as mãos)...