A esquerda e a ética
Não tenho problemas de identidade. Sei de que lado da barricada me coloco. Sou de esquerda por formação e sensibilidade, por memória do passado e esperança no futuro, por desejo de igualdade, sem interesses pessoais nem vínculos partidários.
Surpreende-me uma esquerda que considere justas e atendíveis todas as reivindicações e não perceba que o que alguns arrecadam a mais é igual ao que outros recebem a menos. A cada momento me ocorre, sem o subscrever em absoluto, o que pensava Proudhon da propriedade.
Quando se fala de propinas e da sua eliminação no ensino público universitário, eu sou contra por ser de esquerda. O ensino superior, não obrigatório, continua destinado aos mais afortunados e não parece justo que sejam todos a pagar para os que mais podem. As bolsas deviam servir para os que, sendo alunos de mérito, comprovadamente não pudessem pagar os estudos superiores.
Há cursos cuja formação raros poderiam pagar. Dos que conheço, a medicina, algumas engenharias e a pilotagem aérea são alguns desses. Cabe ao Estado pagar essa formação, mas será uma atitude de esquerda não exigir o ressarcimento do investimento estatal (de todos) após a formação?
Portugal, sendo um país rico a nível global, é pobre perante a União Europeia, e duvido de que muitos, de esquerda, aceitassem a perda do seu poder de compra a favor dos países do terceiro mundo, embora se julguem com direito ao nível de vida dos mais ricos. Paradoxalmente, aceitam que os mais qualificados, com cursos mais caros, pagos por todos, emigrem para países mais ricos, que pagam melhor, transferindo os recursos do país que os formou, sem qualquer ressarcimento.
Tal como as árvores não crescem até ao céu, os recursos do Planeta não são inesgotáveis nem o crescimento económico imparável. Não podemos considerar-nos de esquerda e aceitar o crescente fosso entre ricos e pobres, no próprio país e a nível planetário.
Não considero de esquerda quem despreze as preocupações ambientais ou ignore a falta crescente de água, oxigénio, solos aráveis, ozono, biodiversidade, zonas habitáveis, e a sustentabilidade da vida na Terra, para gerações vindouras.
Há quem viva cada instante como se fosse o último, alheio à herança que deixa. Prefiro os que vivem todos os dias como se a sua vida fosse perpétua, a pensar nos recursos de que viessem a precisar nos próximos séculos.
Não me preocupo com o quadrante ideológico onde me classifiquem. Só há um Planeta, para todos.
Surpreende-me uma esquerda que considere justas e atendíveis todas as reivindicações e não perceba que o que alguns arrecadam a mais é igual ao que outros recebem a menos. A cada momento me ocorre, sem o subscrever em absoluto, o que pensava Proudhon da propriedade.
Quando se fala de propinas e da sua eliminação no ensino público universitário, eu sou contra por ser de esquerda. O ensino superior, não obrigatório, continua destinado aos mais afortunados e não parece justo que sejam todos a pagar para os que mais podem. As bolsas deviam servir para os que, sendo alunos de mérito, comprovadamente não pudessem pagar os estudos superiores.
Há cursos cuja formação raros poderiam pagar. Dos que conheço, a medicina, algumas engenharias e a pilotagem aérea são alguns desses. Cabe ao Estado pagar essa formação, mas será uma atitude de esquerda não exigir o ressarcimento do investimento estatal (de todos) após a formação?
Portugal, sendo um país rico a nível global, é pobre perante a União Europeia, e duvido de que muitos, de esquerda, aceitassem a perda do seu poder de compra a favor dos países do terceiro mundo, embora se julguem com direito ao nível de vida dos mais ricos. Paradoxalmente, aceitam que os mais qualificados, com cursos mais caros, pagos por todos, emigrem para países mais ricos, que pagam melhor, transferindo os recursos do país que os formou, sem qualquer ressarcimento.
Tal como as árvores não crescem até ao céu, os recursos do Planeta não são inesgotáveis nem o crescimento económico imparável. Não podemos considerar-nos de esquerda e aceitar o crescente fosso entre ricos e pobres, no próprio país e a nível planetário.
Não considero de esquerda quem despreze as preocupações ambientais ou ignore a falta crescente de água, oxigénio, solos aráveis, ozono, biodiversidade, zonas habitáveis, e a sustentabilidade da vida na Terra, para gerações vindouras.
Há quem viva cada instante como se fosse o último, alheio à herança que deixa. Prefiro os que vivem todos os dias como se a sua vida fosse perpétua, a pensar nos recursos de que viessem a precisar nos próximos séculos.
Não me preocupo com o quadrante ideológico onde me classifiquem. Só há um Planeta, para todos.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Depois, o bem comum pode não se coadunar com a satisfação de todos os nossos desejos...
E quantos cêntimos no Rendimento Social de inserção? e nas pensões de velhice?
E esses cêntimos chegam ao destino?
É como a questão dos passes sociais baratos. Quem é contra é porque nunca fez contas.
E não se faz contas quando se teme o resultado...