NOVO BANCO: Inquietudes novas à volta de assuntos velhos e o ‘pagador de promessas’…



Aguardo com curiosidade e alguma impaciência que Assunção Cristas chame ao Parlamento o ‘especialista em privatizações’ Sérgio Monteiro para o interrogar sobre as condições leoninas acordadas para a entrega do Novo Banco ao fundo abutre Lone Star. Faz parte da sua política de navegação à vista e integra o habitual esquema da chicana política que tanto a excita.
Todavia, esta questão dir-lhe-á pouco e é incómoda para as suas megalómanas pretensões de liderar a Direita nacional. Aliás, muitas das questões do presente passam pelo venal e doloso apagamento de uma realidade que é o facto de ter integrado e partilhado responsabilidades no governo de Passos Coelho, circunstância que é, sistematicamente, ‘branqueada’, quando não ocultada .
Na verdade, a crise que ainda perdura – a insuportável situação do Novo Banco é um acabado exemplo disso - foi sempre apresentada pela Direita ao povo português como sendo a consequência de ‘os portugueses viverem acima das suas possibilidades’ e nunca foi invocada a responsabilidade de uma desenfreada especulação do sector financeiro (nacional e internacional).
Os portugueses e as portuguesas continuam a pagar os desmandos deste sector num processo que parece eternizar-se.
Seria bom sabermos e compreendermos 4 simples itens:
1.)  Com a nova entrada de 1.149 milhões de euros (a realizar pelos contribuintes) quanto ainda nos falta para totalizar os quase 3,18 mil milhões de euros, previstos na negociata de privatização do novo banco?
 
2 .)  Qual é o saldo da dívida do Fundo de Resolução - que em devido tempo fomos informados ser da responsabilidade coletiva do sector bancário nacional - ao Estado português, e ‘levados’ a acreditar nas pantominices que nos foram endereçadas pela dupla Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque, quando da famosa e ‘inovadora’ resolução do BES, que a ex-ministra Cristas assinou, no escuro, por SMS?
3.)  Até quando o sector bancário pretende sentar-se à mesa do Orçamento do Estado e locupletar-se com abundantes prestações, em nome da ‘estabilização do sistema financeiro’, garrotando o investimento no sector público e social do País?
 
4.)  As questões levantadas pela Esquerda ao questionar por que razão os portugueses são chamados a pagar os prejuízos de um banco privatizado, nada tendo a ver com a sua Administração, são ou não pertinentes?
 
O Banco de Portugal entregou este processo de privatização do ‘Banco bom’ (um eufemismo hipócrita) ao Dr. Sérgio Monteiro para ‘resolver’ o imbróglio causado pela implosão do ex-BES, já que se tratava de um experiente expert de privatizações.
Mas, hoje, verificamos que nada ficou resolvido até o sector bancário conseguir abafar as suas incompetências, desvarios que resultaram nas mais gritantes imparidades, com o recurso a dinheiros públicos.

Será interessante ouvir o mais direto – mas não o único - interveniente (Dr. Sérgio Monteiro) e compreender mais este negócio onde o sector público sai prejudicado. É de prever que perante este intermitente e insaciável saque, que compromete o nosso futuro, surjam da parte do ‘especialista em privatizações’ anedóticas declarações.  
 
Todo este imbróglio traz à nossa memória um magistral texto teatral escrito por Dias Gomes, no final da década de 50, que viria a conquistar um assinalável êxito: ‘O Pagador de Promessas’...

Comentários

Sérgio Monteiro é um esqueleto no armário da direita.

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