O jornalismo e os partidos políticos

A revista do Expresso [E], de 2 de março, revelou que 95 políticos têm lugar cativo na rádio, televisão e imprensa, uma originalidade lusitana distribuída partidariamente desta forma: PSD – 34, PS – 25, CDS – 12, BE – 9, PCP – 8, Aliança – 2, Livre – 3, Chega – 1, Nós Cidadãos – 1.

Tomei devida nota, a que ora recorro, para poder comparar o número dos comentadores dos partidos de esquerda [45] (PS + BE+ PC + Livre) com os de direita e de extrema-direita [50], ao contrário dos resultados eleitorais onde a esquerda é maioritária.

Se ao número adicionarmos a visibilidade, em função dos horários nobres, temos ainda uma maior distorção, transformando a comunicação social em propaganda. Aliás, o eco dos propagandistas da direita é hegemónico na imprensa escrita.

Não sendo deficitária a propaganda de agentes partidários da direita, compreende-se mal que o número de jornalistas, assumidamente de direita, predomine também nos órgãos de comunicação social, às vezes com um empenho mais descarado do que o de Marques Mendes, o Conselheiro de Estado que transmite recados de Belém e do PSD, além dos próprios, sem ser porta-voz da Rua de Santana à Lapa, onde Rui Rio se encontra cada vez mais isolado e alvo de intrigas.

A distorção é tal, que é vulgar encontrar pessoas que julgam que o regime português se tornou presidencialista e que o governo responde perante o PR, transformando Marcelo no comentador de todos os atos do Executivo e numa espécie de Perón, sem farda e sem Evita.

Com a direita órfã de um líder, e um PR com agenda própria, os que nos revemos numa política progressista, no fundo os que nos regozijamos com a solução que viabilizou o atual governo, não podemos descurar a luta desigual a que a propriedade dos meios de comunicação social e a chantagem da direita nos obriga.

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