As múltiplas singularidades de Cavaco Silva
Cavaco, político singular, que transformou o órgão de
soberania unipessoal – PR –, em órgão matrimonial, e o Palácio de Belém em
domicílio de três gerações, foi à Covilhã (UBI) proferir uma conferência sobre
“A singularidade da construção europeia e o futuro do euro”, na companhia da
singular prótese conjugal, D. Maria.
Do mérito da conferência não houve notícias. Houve da censura
ao Governo onde não precisa das quintas-feiras, e quaisquer outros dias lhe
servem para fustigar a Geringonça cujo fracasso previu com a certeza da solidez
do BES, de Ricardo Salgado, em cuja vivenda se preparou, com a presença conjugal,
a sua candidatura a PR.
Com o habitual rancor e falta de memória, quem
engendrou escutas do PM e esqueceu o cartório notarial onde fez a permuta da
vivenda Mariani pela Gaivota Azul, quem logrou comprar ações da SLN, não
cotadas em bolsa, e arranjar comprador, com elevadas mais-valias, referiu-se às
relações familiares do atual governo. O homem, que não lia jornais, afirmou: “segundo
li também na comunicação social, parece que não há comparação em nenhum outro
país democrático desenvolvido”.
Com as jugulares externas intumescidas pela raiva, a
atingirem o calibre das internas, mais turbado pelo rancor do que pela
senilidade, esqueceu-se de que, em 2015, foi ele a dar posse aos governantes com
relações familiares, que continuam no atual executivo, e que, desde o primeiro dia,
se sentam no Conselho de Ministros: os ministros Eduardo Cabrita e Ana Paula
Vitorino, marido e mulher, e José Vieira da Silva e Mariana Vieira da Silva
(pai e filha), ele como ministro e ela então como secretária de Estado adjunta
do PM e hoje ministra da Presidência, já estão com assento no Conselho de ministros.
Esqueceu-se. Já, em tempos, se havia esquecido de ter
preenchido a ficha na Pide onde a ortografia revelou impreparação cultural e as
considerações sobre a madrasta da mulher, a despropósito, definiam o carácter.
Quis agora ser a vuvuzela da direita que, após três anos, descobriu a arma de
arremesso que todos os órgãos da central de intoxicação da direita disparam
diariamente, enquanto aguardam que o País arda.
A primavera acordou da hibernação o homem singular que
mantém o ódio e a falta de memória de quem precisa de que alguém nasça duas
vezes para ser tão sério como ele.
Compreende-se a preocupação com os laços familiares de
membros do atual governo. Os membros dos seus governos não precisaram disso
para fazerem bons negócios, nem ele próprio, ou os do governo
Passos/Portas/Maria Luís por que tanto se bateu. Ele mesmo, há três anos com a
pensão de PR, cujo vencimento foi proibido de acumular, não precisou de nomear
o genro para qualquer cargo. Os negócios vieram ter com ele.
Espera-se que a pala de Siza Vieira, na Expo, não lhes
caia em cima.
Apostila – A escritura de Cavaco omitiu a vivenda em
construção há nove meses, e a permuta realizou-se sem tornas, com a curiosa
coincidência de 135 mil euros (isenta de sisa), sendo posteriormente obrigado a
pagar 8.133,44 euros de Imposto de Sisa (taxa de 10%), em resultado da
diferença entre os valores patrimoniais dos bens permutados, definidos pela
própria Administração Fiscal.
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