A greve feminista e os sindicatos
A greve feminista internacional aconteceu este ano também em Portugal, pela primeira vez, com alegado apoio de sindicatos.
Foi uma greve cuja luta pela igualdade é óbvia, que teve no desejo de justiça a origem e na discriminação que persiste a urgência, e não foi um êxito, com adesão inversa ao seu mérito.
Foi notório o fraco empenho sindical, se o houve. Não se previa o interesse do líder da UGT, que pediu a anuência de Ricardo Salgado para aceitar o cargo, o que revela a independência e substância do líder que afirmou ‘dever tudo o que é’ ao ex-banqueiro.
Não se esperava igualmente dos sindicatos espontâneos, nascidos no ventre das Ordens profissionais, e de outros que se mantêm em atividade com um número de associados equivalente ao dos órgãos sociais, pretextos para o absentismo parasitário de alegadas atividades sindicais, que se empenhassem numa greve feminista.
Não se esperavam sindicatos com falta de convicção ou de gente e de massa crítica. Por isso, a única surpresa foi a displicência da CGTP, tão preocupada com a ultrapassagem reivindicativa de sindicatos onde o aventureirismo é o método e a perturbação social a ideologia.
A CGTP deve a influência à preparação, eficácia e ponderação das reivindicações. O dano da proximidade partidária é equilibrado pela atuação inteligente e prestígio dos seus dirigentes. Não se percebe a falta de empenho na primeira greve feminista.
A causa das mulheres é uma tarefa comum a ambos os sexos e aos diversos sectores de atividade, tendo a greve sido simbólica pelo carácter pioneiro em Portugal, urgente face à disparidade remuneratória bastante divulgada e, numa conjuntura de enorme simpatia, face a afloramentos machistas e misóginos que a comunicação social tem denunciado.
Falhou quem devia ser mais solidário, e onde não devia.
Foi uma greve cuja luta pela igualdade é óbvia, que teve no desejo de justiça a origem e na discriminação que persiste a urgência, e não foi um êxito, com adesão inversa ao seu mérito.
Foi notório o fraco empenho sindical, se o houve. Não se previa o interesse do líder da UGT, que pediu a anuência de Ricardo Salgado para aceitar o cargo, o que revela a independência e substância do líder que afirmou ‘dever tudo o que é’ ao ex-banqueiro.
Não se esperava igualmente dos sindicatos espontâneos, nascidos no ventre das Ordens profissionais, e de outros que se mantêm em atividade com um número de associados equivalente ao dos órgãos sociais, pretextos para o absentismo parasitário de alegadas atividades sindicais, que se empenhassem numa greve feminista.
Não se esperavam sindicatos com falta de convicção ou de gente e de massa crítica. Por isso, a única surpresa foi a displicência da CGTP, tão preocupada com a ultrapassagem reivindicativa de sindicatos onde o aventureirismo é o método e a perturbação social a ideologia.
A CGTP deve a influência à preparação, eficácia e ponderação das reivindicações. O dano da proximidade partidária é equilibrado pela atuação inteligente e prestígio dos seus dirigentes. Não se percebe a falta de empenho na primeira greve feminista.
A causa das mulheres é uma tarefa comum a ambos os sexos e aos diversos sectores de atividade, tendo a greve sido simbólica pelo carácter pioneiro em Portugal, urgente face à disparidade remuneratória bastante divulgada e, numa conjuntura de enorme simpatia, face a afloramentos machistas e misóginos que a comunicação social tem denunciado.
Falhou quem devia ser mais solidário, e onde não devia.
Comentários
É por assim dizer uma 'greve cívica'. E se os sindicatos não se podem divorciar dos problemas da sociedade é verdade que o seu âmbito ultrapassa largamente as estruturas sindicais. Aliás, uma eventual separação por género nas atividades sindicais seria um retrocesso civilizacional e um tremendo erro.
Para além do carácter simbólico esta forma de luta deveria incidir prioritariamente no âmbito doméstico. Paralelamente, foi concebida como uma 'greve ao consumo'. E neste campo muito haveria a dizer não no campo do feminismo mas da universalidade dos cidadãos.
Esta greve simbólica é uma manifestação que envolve muita proximidade: família, bairros, mercados, etc.
Trata-se - no meu entender - mais de uma jornada de consciencialização do papel da mulher em casa e deveria incidir fundamentalmente sobre a vida quotidiana no feminino e por esse motivo motivar uma ampla análise e discussão no seio familiar. Nunca saberemos em que medida tal ocorreu. E aí - no doce remanso do lar - poderá ter ocorrido o seu maior falhanço.
Quantos de nós usamos esta mobilização para avaliar o nosso 'comportamento doméstico'?