A eleição de Ursula von der Leyen
A eleição da nova presidente da CE não é certamente quem eu desejava e, muito menos, o foram os resultados eleitorais para o PE, com a extrema-direita a crescer e o PPE cada vez mais à direita, a afastar-se dos fundadores da UE cuja integração económica, social e política é uma necessidade para a sobrevivência pacífica dos países que a integram.
Sendo os resultados eleitorais o que são, tendo os partidos racistas e xenófobos a força que têm, não posso deixar de me congratular com a eleição de uma conservadora que é a mais europeísta dos alemães quando Portugal já cedeu para o lugar o mais alemão dos portugueses e o mais americano dos europeus.
Foi impossível, face à direita húngara, polaca e italiana e à dimensão da extrema-direita abertamente fascista eleger Manfred Weber. Assim, apesar da possível crise política, em outubro, que pode derrubar a nova comissão com a votação dos comissários propostos ao escrutínio do fraturado parlamento, a eleição da nova presidente foi o dique possível à contenção da extrema-direita nos órgãos dirigentes da UE.
A personalidade escolhida tem experiência, capacidade e espírito democrático para ser a melhor presidente da CE depois de Jacques Delors e no último discurso aos deputados mostrou clara oposição ao desvio autoritário e nacionalista de vários governos europeus.
Esta leitura afasta-me da visão das pessoas com que costumo estar em sintonia política, mas não vejo, depois de frustradas as hipóteses que me agradariam, outra solução que pudesse poupar a UE ao apodrecimento das suas instituições e à urgente composição dos seus órgãos para responder ao Brexit, às ameaças de Trump, à ingerência de Putin e à ameaça comercial, política e geoestratégica das grandes potências, China e EUA.
O centro de gravidade política do Parlamento Europeu nunca esteve tanto à direita, mas a vontade dos eleitores que se incomodaram a votar foi o que produziu. Face a isso, só me resta felicitar a atual presidente da CE e esperar que cumpra o que prometeu.
Sendo os resultados eleitorais o que são, tendo os partidos racistas e xenófobos a força que têm, não posso deixar de me congratular com a eleição de uma conservadora que é a mais europeísta dos alemães quando Portugal já cedeu para o lugar o mais alemão dos portugueses e o mais americano dos europeus.
Foi impossível, face à direita húngara, polaca e italiana e à dimensão da extrema-direita abertamente fascista eleger Manfred Weber. Assim, apesar da possível crise política, em outubro, que pode derrubar a nova comissão com a votação dos comissários propostos ao escrutínio do fraturado parlamento, a eleição da nova presidente foi o dique possível à contenção da extrema-direita nos órgãos dirigentes da UE.
A personalidade escolhida tem experiência, capacidade e espírito democrático para ser a melhor presidente da CE depois de Jacques Delors e no último discurso aos deputados mostrou clara oposição ao desvio autoritário e nacionalista de vários governos europeus.
Esta leitura afasta-me da visão das pessoas com que costumo estar em sintonia política, mas não vejo, depois de frustradas as hipóteses que me agradariam, outra solução que pudesse poupar a UE ao apodrecimento das suas instituições e à urgente composição dos seus órgãos para responder ao Brexit, às ameaças de Trump, à ingerência de Putin e à ameaça comercial, política e geoestratégica das grandes potências, China e EUA.
O centro de gravidade política do Parlamento Europeu nunca esteve tanto à direita, mas a vontade dos eleitores que se incomodaram a votar foi o que produziu. Face a isso, só me resta felicitar a atual presidente da CE e esperar que cumpra o que prometeu.
Comentários
A actual composição do PE onde se verifica uma ampla fragmentação a par de um aumento da representatividade do populismo de Direita (apesar de tudo menor do que alguns analistas previam) não permite augurar um desempenho fácil.
A maioria que ocasionalmente funcionou (e bem) contra Weber não é coesa, nem entusiasta, num apoio a Ursula von der Leyen.
De realçar que os 2 partidos portugueses que integram o PPE (CDS e PSD link) apoiaram o ex-candidato Weber razão pela qual os ‘festejos tardios’, de alguns populares e ‘cristãos novos’ portugueses, são absolutamente despropositados.
O PS alimentou no contexto europeu uma espúria miragem de aliança com os Liberais a que chamou ‘aliança progressista’ escolhendo como candidato Frans Timmermans (socialista) que o Centro-Direita europeu, de braço dado com os iliberais, acabaria por rejeitar (apesar da cimeira de Osaka).
Dentro deste quadro os Verdes/Aliança Livre – um dos grupos ‘vencedores’ nas últimas eleições europeias - tornaram-se o objecto de ‘pesca `linha’ para os blocos partidários tradicionais, recebendo solicitações de diversos lados, mas será legítimo crer que vagas promessas de ‘descarbonização da economia’, acabaram por facilitar a eleição de Ursula von der Leyen.
A Direita ultraconservadora e a Extrema-Direita populista (Grupo ID) cresceram face às eleições anteriores estando longe de ter representatividade para apresentar soluções mas mostrou ser capaz de produzir turbulência a montante, isto é, ao nível do Conselho Europeu. Se associarmos este grupo Indentity and Democracy (ID) a um outro muito próximo ideologicamente os ECR (Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus) ficamos em presença do 3º maior agrupamento no PE o que começa a ser preocupante.
Por fim, a Esquerda Unitária (GUE/NGL) não tem expressão representativa decisiva e dedicou-se a combater simultaneamente Weber e a solução de compromisso saída do conselho Europeu sem apresentar qualquer alternativa.
A 'solução Ursula von der Leyen’ tem, contudo, uma virtude. A constituição final da Comissão Europeia será um grande desafio e em termos genéricos podemos classificá-la como um ‘parto difícil’. Perante esta figurativa situação, a candidata eleita está profissionalmente habilitada para levar a gestação a bom termo.
Vamos ver.