« Femmes contre l'islamisation » -- O comprimento da saia_2

A fonte do cartaz sobre o comprimento das saias provém de um grupo próximo do Vlaams Belang, a extrema-direita flamenga. A campanha foi retirada depois de uma ação judicial.

Dada esta informação aos leitores, recebida de uma pessoa amiga, cosmopolita e culta, radicada em França, por elementar obrigação ética, fica para motivo de reflexão o meu apoio ao referido cartaz.

O monopólio do combate ao fascismo islâmico não pode ser monopólio do fascismo de outra religião qualquer ou do ateísmo. A discriminação da mulher é sempre uma forma de fascismo que atinge o auge na demência no islamismo sunita wahabista, defensor do terrorismo e autor dos maiores atropelos aos direitos individuais e ao livre-pensamento.

Nunca me deixei afetar pela infame mentira de que Hitler era de esquerda (nacional socialista) e ateu, apoiado pela hierarquia católica e protestante, tal como Mussolini, que só não é acusado de ser ateu, porque o Vaticano o designou ‘enviado da Providência’ e lhe deveu a criação do Estado da Santa Sé e a obrigatoriedade do ensino da religião católica nas escolas. Também não é agora, pelo facto de ser a extrema-direita a fazer a denúncia do que ela própria também é capaz de fazer, que vou coibir-me do combate ao obscurantismo religioso e da defesa intransigente da laicidade do Estado.

Cumprida a obrigação de honestidade para com os leitores, continuarei a denunciar os bispos espanhóis franquistas, o clero sul-americano fascista, o budismo anti-islâmico da Birmânia e o hinduísmo nacionalista indiano e as Igrejas evangélicas, do mesmo modo que combateria o ateísmo de Estado de Enver Hoxha, na Albânia, único país onde o ateísmo de Estado vigorou.

Não podemos estar reféns do medo do apodo de racistas ou xenófobos quando devemos aos direitos da mulher, à democracia e ao livre-pensamento o combate ideológico que temos obrigação de travar.

Pela minha parte, continuarei a defender a liberdade religiosa, direito inalienável, com a veemência com que combato as crenças e desmascaro preconceitos com que a alegada vontade divina se opõe à felicidade e aos direitos humanos.

Comentários

Jaime Santos disse…
Inteiramente verdade o que diz. Só que quem combate o obscurantismo religioso não se pode deixar levar pelas generalizações abusivas e racistas de obscurantistas de sinal contrário. Os Muçulmanos não são todos wahabitas (provavelmente são os primeiros a sofrer pela repressão causada por esta corrente a-histórica do Islão), os Judeus não são todos nacionalistas israelitas que defendem a opressão dos palestinianos, os Católicos não são todos ultramontanos e admiradores de Franco (talvez a encarnação mais perfeita do torcionário pio) e por aí a fora.

As pessoas religiosas irão continuar connosco gostemos ou não e eu acho que é melhor fazer delas aliados na luta contra a injustiça propagada por essas correntes radicais do que fazer delas adversários.

O problema de qualquer sistema de pensamento é o seu conservadorismo. A energia investida pelos seguidores é tão grande que quando as condições mudam, eles revelam-se incapazes de se adaptarem aos novos tempos. O mesmo é verdade das instituições. E isso é particularmente verdadeiro no caso de verdades supostamente reveladas.

Mas basta olhar para a evolução histórica das religiões para percebermos que elas são permeáveis aos ambiente sociais a cada momento. O Catolicismo aceita, em grande medida, hoje, o primado dos direitos humanos e a necessidade da separação entre o Estado e a Igreja, por exemplo.

E olhe, por outro lado, para o que aconteceu com o Marxismo e o Socialismo Real, supostamente filosofias ateias e racionais (o determinismo histórico é, claro está, uma treta em que só podiam acreditar os filósofos do sec. XIX, inspirados pela teleologia cristã e deslumbrados com as vitórias da mecânica de Newton).

De onde segue que essa virtude da paciência é essencial, assim como a humildade de nos lembrarmos que por vezes todos pensamos de forma irracional e nos agarrámos às ideias de que mais gostamos...

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