A Grécia e a Nova Democracia
O regresso da direita ao poder estava previsto, depois do cruel programa de austeridade que foi imposto ao Syrisa e dos nacionalismos que infernizam a Europa e que, no caso da Grécia, bastou a assinatura de um acordo sobre o nome da Macedónia, para assanhar muitos eleitores contra o Governo de turno.
Não há nesta mudança, de que apenas se ignorava a dimensão da vitória da velha Nova Democracia, qualquer mudança de rumo substancial, dado o trajeto ideológico imposto ao Syrisa. É a alternância democrática, sem alternativa, e o regresso à herança dinástica.
Não vejo, pois, nenhum drama onde temi o crescimento em força da extrema-direita, na senda do que vem sucedendo por toda a Europa e pelo Mundo. Aliás, não se verificou a grande derrota do Syrisa, que se temia, e onde a grande crise interna foi protagonizada no início de governo, com a demissão do ministro das Finanças, Varoufakis, um notável académico que anteriormente não pertencia ao partido, e arrastou numerosos quadros e intelectuais que não conseguiram organizar-se e se diluíram.
A única surpresa foi o primeiro telefonema de felicitações ao futuro PM, Mitsotakis, vir de Erdogan, o autocrata da Turquia cuja proximidade geográfica, antagonismo cultural e disputas territoriais são motivo de permanentes rivalidades e preocupações gregas com a ferida do Chipre sempre exposta.
Num país onde a Igreja Ortodoxa foi sempre, como é hábito da mais política das Igrejas cristãs, um furúnculo no aparelho de Estado, apenas poderá regressar um pouco mais de incenso e água benta às cerimónias oficiais.
À semelhança de Tsypras, líder derrotado, resta-me felicitar Kiriakos Mitsotakis, o novo PM, e desejar ao povo grego o progresso que a camisa de forças da dívida externa e das imposições dos credores tendem a asfixiar.
Hoje não vejo diferença entre o Syrisa e o Pasok (8% dos votos) que, somados, têm uma percentagem igual à Nova Democracia, salvo na herança das famílias que, de pais para filhos, se revezavam no poder através do Pasok e da Nova Democracia.
Da Grécia fica-nos a solidariedade que lhe devemos e a herança da cultura helénica que nos moldou.
Não há nesta mudança, de que apenas se ignorava a dimensão da vitória da velha Nova Democracia, qualquer mudança de rumo substancial, dado o trajeto ideológico imposto ao Syrisa. É a alternância democrática, sem alternativa, e o regresso à herança dinástica.
Não vejo, pois, nenhum drama onde temi o crescimento em força da extrema-direita, na senda do que vem sucedendo por toda a Europa e pelo Mundo. Aliás, não se verificou a grande derrota do Syrisa, que se temia, e onde a grande crise interna foi protagonizada no início de governo, com a demissão do ministro das Finanças, Varoufakis, um notável académico que anteriormente não pertencia ao partido, e arrastou numerosos quadros e intelectuais que não conseguiram organizar-se e se diluíram.
A única surpresa foi o primeiro telefonema de felicitações ao futuro PM, Mitsotakis, vir de Erdogan, o autocrata da Turquia cuja proximidade geográfica, antagonismo cultural e disputas territoriais são motivo de permanentes rivalidades e preocupações gregas com a ferida do Chipre sempre exposta.
Num país onde a Igreja Ortodoxa foi sempre, como é hábito da mais política das Igrejas cristãs, um furúnculo no aparelho de Estado, apenas poderá regressar um pouco mais de incenso e água benta às cerimónias oficiais.
À semelhança de Tsypras, líder derrotado, resta-me felicitar Kiriakos Mitsotakis, o novo PM, e desejar ao povo grego o progresso que a camisa de forças da dívida externa e das imposições dos credores tendem a asfixiar.
Hoje não vejo diferença entre o Syrisa e o Pasok (8% dos votos) que, somados, têm uma percentagem igual à Nova Democracia, salvo na herança das famílias que, de pais para filhos, se revezavam no poder através do Pasok e da Nova Democracia.
Da Grécia fica-nos a solidariedade que lhe devemos e a herança da cultura helénica que nos moldou.
Comentários
Fica no ar a dúvida do que teria acontecido se o Governo grego respeitasse o referendo. Ninguém sabe responder com honestidade a esta questão e sua a associação a uma eventual saída (expulsão?) da UE só serve aqueles que (ainda) acreditam que o Sr. Schäuble não estava a fazer bluff (batota).
A Esquerda - e especialmente a social-democracia que disfrutou de múltiplas oportunidades na UE durante o último quartel do séc. XX - quando tenta governar ao Centro estampa-se sistematicamente. Não foi ainda desta vez que o Syrisa se 'pasoktizou' mas vamos ver em que forças este se vai apoiar para sobreviver.
Quando chegará o dia em que a social-democracia compreenderá que só sobrevive, ou fortalece, quando se alia Esquerda?