Espanha – O Golpe 23-F de 1981

Há 39 anos um tresloucado fascista entrou no Parlamento espanhol a cumprir planos de generais franquistas que educaram o rei Juan Carlos na Falange. O tosco militar entrou de tricórnio, quando os deputados votavam Calvo-Sotelo para presidente do Governo de Espanha, tendo em vista substituir a monarquia constitucional pelo absolutismo real.

Era o regresso à ditadura sob os auspícios da monarquia não sufragada, posta à sorrelfa na Constituição, com as sondagens a indicarem a preferência popular pela República, ao arrepio da vontade expressa pelo sádico genocida Francisco Franco.

Para a História ficou a coragem do general Gutiérrez Mellado que se ergueu e dirigiu ao ten. coronel Tejero, repreendeu os assaltantes e ordenou a deposição das armas, tendo o golpista, já reincidente, reafirmado a ordem, com um disparo seguido por rajadas das carabinas dos 200 assaltantes. Resistiu Gutiérrez Mellado, o ainda presidente Adolfo Suárez e o deputado comunista Santiago Carrillo, que permaneceu sentado. Obedeceram os outros deputados.

O fracasso da tentativa de regresso à ditadura promovida pelo ten. general Jaime Milans del Bosch e pelo general Alfonso Armada, homem de confiança do rei, fracassou ali, perante a coragem dos três políticos referidos.

Depois foi montada a coreografia. O rei, fardado de capitão-general, surgiu a condenar o golpe e a passar por democrata e o general Armada a pedir a Tejero que se rendesse. O general franquista Alfonso Armada, percetor do rei, 9.º Marquês de Santa Cruz de Rivadulla, envolvido na tentativa de golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981 (23-F) foi demitido, condenado a 30 anos de prisão, e perdoado pelo Governo em 1988, por alegadas razões de saúde. Viveu ainda mais 25 anos!

A memória da Guerra Civil, a conivência entre a Igreja católica e o franquismo, o medo e a urgência da transição pacífica fizeram democrata o rei. Já é tempo de julgar os crimes de Franco e de revelar a verdade sobre a atuação de Juan Carlos antes de se dedicar a vários tipos de caça, dos negócios aos elefantes e outras espécies cinegéticas em que a rainha não era a única da sua ementa.

É tempo de se saber a verdade. 

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