Vaticano – O Papa Francisco e o outro

Os meus leitores sabem o que penso das religiões e das divindades, dos funcionários do Divino e da generalidade das crenças, mas ninguém duvidará da consideração e estima que me merecem o humanismo, coragem e generosidade do Papa Francisco.

Sendo como é, a longevidade num sítio daqueles é uma surpresa que para quem ignora a inteligência e sabedoria de um jesuíta.

Até há dias, manteve em funções na Prefeitura da Casa Pontifícia, gabinete responsável pelas suas audiências públicas, o arcebispo Georg Gaenswein, secretário de Bento XVI.

A coautoria de textos do ex-infalível Bento XVI num livro do cardeal ultraconservador Robert Sarah, a defender a manutenção do celibato dos padres, quando se esperava que Francisco decidisse a ordenação de padres casados na Amazónia, suscitou um escândalo a que não foi alheio o secretário do Papa emérito.

Gaenswein ainda exigiu a retirada do nome de Bento XVI do livro, mas Francisco afastou-o do exercício das funções e livrou-se dele, como era natural e justo, e a explicação é de uma inteligência sibilina digna de um jesuíta, “para que possa dedicar mais tempo ao Papa emérito”.

Ser bom, nos papas, como nos leigos, não é ser burro nem masoquista.

Comentários

Jaime Santos disse…
Não é apenas sibilina, Carlos Esperança, é também cristalina. Se Gaenswein exigiu a retirada do nome de Bento XVI do livro, foi porque antes não cuidou como devia (e como todo o secretário, uma posição que quer dizer literalmente o guarda-dos-segredos, deve fazer), dos interesses do Papa Emérito... E isso é ainda mais verdade tratando-se dos interesses de um homem com mais de 90 anos...

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