Salazar ou Cristo-Rei?

Birra do Menino Jesus 
As pagelas que começaram a circular em Portugal no pós-guerra, guerra de que o Diabo terá sido responsável, atribuem à intervenção de Cristo a paz que imperou em Portugal, embora outras pagelas de igual proveniência a atribuam a Salazar.

Fosse de quem fosse o mérito, embora do primeiro se esperasse que tivesse evitado a guerra, o que admira são os títulos nobiliárquicos atribuídos pelo mais alto empregado de Deus, o cardeal Cerejeira, à família celeste.

Desde Cristo-Rei à Rainha dos Portugueses, esta a Senhora da Conceição, um de muitos heterónimos dados à mãe do primeiro, é de harmonia monárquica que se fala em plena ditadura, onde a Pide era mais expedita a manter a paz do que a família real celeste.

O comovedor pedido das criancinhas de Portugal, para que fosse erguido o monumento a Cristo-Rei, não surpreendeu quem as sabia pouco assíduas na escola, mas devotas da catequese. O que surpreende, ainda hoje, é o Cristo-Rei, vestido de Menino Jesus e com carácter reivindicativo, a afirmar categoricamente “Eu é que livrei Portugal da Guerra” e a exigir, de forma autoritária, pouco adequada à ternura que lhe está associada, “Quero o Monumento que Portugal me prometeu em troca”.

Esta linguagem parece mais própria do cardeal Cerejeira do que de crianças cuja oração, ‘indulgenciada com 100 dias’ pelo referido prelado, pedia à Senhora da Conceição, apelidada de Rainha dos Portugueses: “Fazei que Portugal erga depressa o Monumento a Cristo-Rei”, pressa que pode ter sido trágica para a estética, e reconfortante para a fé.

Ámen!   

Comentários

Jaime Santos disse…
E se não fizermos o que queres e construirmos o monumento, fazes o quê?

Estes prelados deveriam ter ido ler o Evangelho, onde o Jesus homem faz notar que o que Deus quer é a misericórdia e não sacrifícios...

Tivessem eles usado o dinheiro para dar educação a umas quantas crianças pobres, teriam feito melhor. Desde logo, não nos tinham estragado a vista para a margem sul...

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