Vaticano – O Papa, a teocracia e a liturgia 28-2-2013
Há 7 anos, o Vaticano, bairro de 44 hectares, abriu vaga para Papa. Bento 16 deliberou manter-se vivo. Nos últimos dias procedera como os líderes profanos: continuou a fazer exonerações e nomeações. Substituiu-se a si próprio, exonerou o gerente do IOR, aceitou a resignação de cardeais, nomeou o novo bispo de Lisboa, futuro cardeal, e antecipou o consistório. O bispo de Lisboa, notoriamente reacionário, adquiriu com Bento XVI o direito ao barrete cardinalício, milagre que dificilmente se repetiria.
Sendo o primeiro Papa a sair vivo do cargo, em quase 600 anos, criou alguns problemas à monarquia eletiva cujo sucessor, perdida a tradição dos Bórgias, deixou de ser filho ou familiar. A eleição do sucessor viria a ser feita por cardeais maioritariamente criados (termo canónico) pelo “Papa emérito”, título que demorou vários dias a encontrar, e foi igual ao dos bispos que terminam o prazo de validade.
Manteve o direito a vestir-se de branco, ao pseudónimo de Bento XVI e a tratamento de luxo com mordomos paramentados e freiras dedicadas, mas perdeu mordomias. Deixou o anel, que foi destruído, poupado o dedo; ficou impedido de usar a batina de peregrino; perdeu o alvará da infalibilidade e da criação de cardeais e de santos, em trespasse para o novo pontífice; a interdição absoluta atingiu os sapatinhos vermelhos e o camauro; foi desapossado do papamóvel e da guarda suíça, e à meia-noite alguém se encarregou de lhe fechar a conta do Twitter.
Antes das 20H00 (19H00, em Lisboa) foi para Castel Gandolfo, de helicóptero, onde ficaria dois meses, até à conclusão das obras do convento, no Vaticano, onde se previa que ficasse até cumprir o ciclo de vida. Admitiu-se que a euforia provocada pela eleição de um novo Papa o fizesse esquecer, mas a sua sombra continuou a pairar através de sequazes que a correlação de forças não permitiu enxotar, como se viu com a publicação de um livro que impediu Francisco de ordenar homens casados e, talvez, mulheres.
O pontífice que defendeu o “coito interruptus” como método impoluto de contraceção, dentro do casal, acabou como “Papa interruptus”, como método de substituição papal.
Manteve o título de Santidade, título que designa a profissão e o estado civil, apesar da jubilação. E, como o cavalo de Jacques Prévert, pode gritar:
“Eu estou vivo / É o principal / Bom apetite / Meu general!”
Sendo o primeiro Papa a sair vivo do cargo, em quase 600 anos, criou alguns problemas à monarquia eletiva cujo sucessor, perdida a tradição dos Bórgias, deixou de ser filho ou familiar. A eleição do sucessor viria a ser feita por cardeais maioritariamente criados (termo canónico) pelo “Papa emérito”, título que demorou vários dias a encontrar, e foi igual ao dos bispos que terminam o prazo de validade.
Manteve o direito a vestir-se de branco, ao pseudónimo de Bento XVI e a tratamento de luxo com mordomos paramentados e freiras dedicadas, mas perdeu mordomias. Deixou o anel, que foi destruído, poupado o dedo; ficou impedido de usar a batina de peregrino; perdeu o alvará da infalibilidade e da criação de cardeais e de santos, em trespasse para o novo pontífice; a interdição absoluta atingiu os sapatinhos vermelhos e o camauro; foi desapossado do papamóvel e da guarda suíça, e à meia-noite alguém se encarregou de lhe fechar a conta do Twitter.
Antes das 20H00 (19H00, em Lisboa) foi para Castel Gandolfo, de helicóptero, onde ficaria dois meses, até à conclusão das obras do convento, no Vaticano, onde se previa que ficasse até cumprir o ciclo de vida. Admitiu-se que a euforia provocada pela eleição de um novo Papa o fizesse esquecer, mas a sua sombra continuou a pairar através de sequazes que a correlação de forças não permitiu enxotar, como se viu com a publicação de um livro que impediu Francisco de ordenar homens casados e, talvez, mulheres.
O pontífice que defendeu o “coito interruptus” como método impoluto de contraceção, dentro do casal, acabou como “Papa interruptus”, como método de substituição papal.
Manteve o título de Santidade, título que designa a profissão e o estado civil, apesar da jubilação. E, como o cavalo de Jacques Prévert, pode gritar:
“Eu estou vivo / É o principal / Bom apetite / Meu general!”
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