Notas Soltas – fevereiro/2020
União Europeia – Amputada do RU, começou o mês com redução da
área, do PIB, da segurança e da paz, numa aventura que abalou a sua solidez, o equilíbrio
das nações e os sonhos de paz e prosperidade que os secessionistas comprometeram
dos dois lados.
Reino Unido – Em 1975, o PM trabalhista, Harold Wilson,
e Margareth Thatcher, líder conservadora, uniram-se no referendo e defesa da
adesão à UE, agora Boris Johnson e Jeremy Corbyn também estiveram unidos, no euroceticismo
e na insensatez do Brexit.
Livre – O partido retirou – e bem –, a confiança
política à deputada Joacine Moreira cujo percurso parlamentar foi um permanente
desencontro com o partido que a elegeu. Vai continuar na AR, mas é uma voz
inútil que apenas prejudica o partido.
CDS – A captura por jovens extremistas reuniu
antissemitas, salazaristas, saudosos da Pide e crentes de que a guerra colonial
tinha sido ganha. Não admira que o eleitorado rume ao Chega. Os fascistas preferem
sempre o original às imitações.
Brasil – Sérgio Moro, ministro da Justiça, organiza
o regresso de Lula da Silva à prisão. Perdido o lugar no Supremo Tribunal, é a
sua candidatura à Presidência que tece, para suceder ao insuportável Bolsonaro,
que lhe deve a eleição. Só precisa de afastar Lula.
Trump – A absolvição de abuso do cargo, na pressão
ao PR ucraniano para investigar a atividade da família de Joe Biden e a tentativa
de perturbar a investigação da Câmara de Representantes, não provou a
inocência, só mostrou quem detém a maioria no Senado.
Alemanha – Angela Merkel condenou a eleição do PM do
estado federado da Turíngia, aliado com a AfD, extrema-direita, e levou Thomas Kemmerich
a renunciar ao cargo e a pedir a dissolução do parlamento regional. Merkel é
uma enorme democrata e estadista.
Sindicalismo – A democracia exige liberdade sindical, mas
os sindicatos judiciais, de discutível legitimidade, são furúnculos corporativos
cuja politização ameaça o equilíbrio de poderes e a transformação do país numa
democracia tutelada por magistrados.
China – Apesar das medidas rápidas para controlar
o coronavírus, situação que se há de repetir com mais virulência em qualquer
outro país, Xi Jinping joga o futuro de “grande timoneiro”. É o fogo de
Pedrógão explorado pelos rivais no Partido Comunista Chinês.
PSD – Mais um congresso, com Montenegro a digerir
a derrota e o partido a afirmar-se fiel à matriz fundadora, enquanto os fiéis
de Passos Coelho e Cavaco Silva buscam nas derrotas de Rui Rio a possibilidade
de voltarem ao poder.
Madeira – A frequência, duração e intensidade dos
fogos florestais que têm flagelado a ilha, podiam ser prevenidas e minimizadas.
A incúria do Governo Regional, agora e nas cheias de 2010, com 47 mortos e 4
desaparecidos, não foi arma de arremesso partidário.
CGTP – A mais antiga e influente central sindical
mudou de líder. Arménio Carlos, foi o rosto do dinamismo numa época em que o
sindicalismo definhou em todo a Europa. Espera-se que Isabel Camarinha esteja à
altura da exigência da função que assumiu.
Vaticano – Depois da cedência ao clero mais
conservador quanto à ordenação de padres casados, o Papa Francisco revelou
grandeza e coragem ao receber Lula da Silva, o preso político que o juiz (?)
Sérgio Moro perseguiu para preparar a sua carreira política.
Futebol – A atitude do jogador negro, Marega, a
estabelecer limites aos insultos de que hordas nazis são capazes, a pretexto do
futebol, foi uma lição de dignidade, e a denúncia do racismo larvar com que a
extrema-direita se afirma perante a alienação coletiva.
Eutanásia – A melhor opção foi deixar à consciência de
cada deputado a decisão sobre direitos individuais, que não se referendam. A
democracia representativa permitiu a cada um decidir o termo da vida quando é
insuportável a dor e impossível a esperança.
Turquia – O nacionalismo islâmico, a repressão dos
curdos e a aspiração expansionista são os instrumentos do ditador Erdogan para
neutralizar a oposição. Ameaça a Síria e perturba a paz numa região onde se
cruzam conflitos étnicos, religiosos e geopolíticos.
Extrema-direita – Temos de perguntar como foi possível
legalizar um partido fascista, racista e xenófobo, constitucionalmente ilegal,
e levar à AR um deputado que normaliza a violência racista e promove a
ideologia que subverte a democracia e a decência.
Justiça – A corrupção não é apanágio de uma
profissão. A cobiça pode atingir membros de qualquer uma, mas quando há juízes
sob suspeita e o último reduto da democracia se torna vulnerável, é a
putrefação das instituições democráticas que se teme.
Coronavírus – A obsessão da comunicação social pelo
aparecimento de um português infetado foi ridícula, e o perigo de uma pandemia,
com este ou outro vírus mais mortal, é uma realidade que já nos ameaça agora e,
com imprevisível devastação, no futuro.
Democracia-Cristã – O partido que, com o social-democrata,
assegurou a longevidade da democracia na Europa está em risco de subverter a
matriz fundadora, ou extinguir-se, no ocaso da sua mais carismática e
prestigiada representante, a estadista Angela Merkel.
Índia – O país mais populoso do Mundo, onde a
Constituição foi incapaz de erradicar o estigma das classes, elegeu PM o
nacionalista hindu, Narendra Modi, que quer subjugar o poder judicial e transformar
os muçulmanos indianos em estrangeiros de segunda.
EUA – O Colorado está prestes a tornar-se o 22.º
estado norte-americano a abolir a pena de morte. Esta é a mais gratificante
notícia sobre o estado civilizacional do País onde a chegada de Trump
contribuiu para um lastimável retrocesso.
Coronavírus_2 – Apesar da rapidez invulgar da propagação,
a sua mortalidade não se afasta de outras gripes, mas o efeito demolidor faz-se
sobretudo sentir na economia, na queda das Bolsas, no desânimo dos agentes
económicos e nas trocas comerciais.
Comentários