A metamorfose do fascismo que regressa
Desaparecida a memória dos regimes nazi/fascistas, saradas as feridas pela morte das gerações que os sofreram, regressam os demónios, com os democratas a digladiarem-se, enquanto os neofascistas avançaram.
A nível mundial tivemos, numa primeira fase, a vitória do liberalismo económico com Reagan, Tatcher e João Paulo II que, contrariados em vitórias eleitorais de regimes que consideraram hostis, apoiaram ditaduras. A de Pinochet, no Chile, foi o paradigma do regresso precoce ao fascismo.
A decadência ética de dirigentes democraticamente eleitos contribuiu para a chegada de populistas que têm na mentira a arma e na desfaçatez o método de conquista do poder. É a fase de Trump, Jonhson, Salvini e de analfabetos abrutalhados, Duterte ou Bolsonaro.
Portugal, onde o salazarismo teve os herdeiros dissimulados de democratas, era um país que parecia imune ao regresso do fascismo. Os eleitores não viram a deriva do PSD e do CDS por salazaristas recalcados. Cavaco, Passos Coelho e Portas desviaram os partidos da matriz fundadora e, apesar da indigência ideológica dos dois primeiros, foram eles que empurraram os eleitores para a direita, depois de Sá Carneiro e Freitas do Amaral os terem recuperado para a democracia.
Agora, depois de terem germinado no seio do PSD e do CDS, os neofascistas abdicaram das barrigas de aluguer. Já não precisam das incubadoras onde atingiram a maturação, já podem apresentar-se na sua genuína pele de celerados cavalgando a ignorância política de um eleitorado moldado à imagem e semelhança dos salazaristas que juraram a CRP sem a respeitarem.
O fascista de turno, que os média promovem, com a ajuda de ingénuos que o atacam em vez de o desprezarem, é filho do empurrão de Passos Coelho para a autarquia de Loures. A bastonária dos Enfermeiros é a amiga que oscula ambos, depois de ter posto a Ordem ao serviço da guerrilha contra os Governos de esquerda.
Bastonários dedicados à carreira política, comentadores avençados dos média, líderes de sindicatos suspeitos e donos do poder económico que resta, aproveitam as dificuldades mundiais para ampliarem o clima de medo e insegurança onde os discursos securitários e xenófobos encontram as águas turvas ideais para a pesca de eleitores.
O número de fascistas não aumentou ainda, o que aumentou foram as deserções do PSD e o esvaziamento do CDS, este em fase liquidatária, para uma União Nacional capaz de federar várias tendências de extrema-direita e marginais do delito comum.
Os democratas têm obrigação de ser firmes na denúncia do neofascismo que irrompeu e na defesa do Estado de direito onde os direitos humanos e a ordem pública encontram o suporte.
Fascismo, nunca mais!
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