Eleições presidenciais – A MINHA visão, diferente de Gregos e Troianos

Já são conhecidos os candidatos credíveis, faltando apenas o nome do do PCP, e o fatal anúncio da recandidatura de Marcelo. Pode, pois, continuar a campanha crispada, antes de surgirem os cromos de que só ainda apareceu o habitual Tino de Rãs.


A posição confortável de quem poderá votar num candidato sem a mais leve hipótese de passar à segunda volta, não sendo uma posição inteligente ou lógica, tanto mais que não se aproxima da minha família ideológica, permite-me fazer uma análise do que está em jogo nas eleições presidenciais, sem angustiados estados de alma.


Ana Gomes, a mais interessante candidata presidencial, atrai votos de vários quadrantes, impede Marcelo de ficar só, entre a candidata do BE e o fascista, e pode obrigá-lo a uma segunda volta em que o derrotaria. Nas qualidades e defeitos prevalecem as primeiras.


Contra o que muitos pensam, a candidatura única de esquerda teria menos votos do que várias. Têm o grave inconveniente de dificultar consensos políticos, durante um ano de impossíveis eleições legislativas antecipadas, com o inevitável desgaste dos partidos de esquerda e graves resultados para o país, que a reeleição do candidato da direita agrava, e a pandemia pode conduzir à tragédia.


Contra o que muitos admitem, a declaração de apoio de António Costa a Marcelo não lesou o PS, e só marginalmente favorece o recandidato. Os partidos têm uma influência reduzida nas opções de voto presidenciais. Evitou dividir o PS e não é plausível que o grupo de Francisco Assis possa desafiar quem salvou o partido. O remoque de Ana Gomes ao facto do partido não a apoiar, no anúncio formal da candidatura, levo-o à guisa de estratégia e não de uma perfídia. Mostrou aí, no seu ataque desmesurado, o pior traço do seu carácter, reflexos estalinistas do MRPP, o defeito que mais a beneficia.


Ana Gomes é a única candidata populista contra dois populistas à sua direita e a única, dos três, que pode dizer a Marcelo que não tem amigos a contas com a Justiça. Tem os factos a seu favor, não importa que a PR nada possa fazer além de exibir intenções pias. Aliás, se os eleitores conhecessem as atribuições do PR nenhum candidato faria as promessas que vai fazer.


Os candidatos folclóricos merecem simpatia e têm importância, mobilizam familiares e amigos, reduzem a abstenção, contabilizam votos e reduzem a percentagem de Marcelo.

 

Ana Gomes, sem culpa, está no sítio onde afluem os votos da direita contra Marcelo e os da esquerda contra a geringonça. Ana Gomes tem enormes virtudes de inteligência, cultura política, independência e coragem, e defeitos de monta, mas os últimos são os seus principais trunfos eleitorais. A direção do PS não ficará confortável, mas o partido ficaria pior se decidisse apoiá-la, sem benefícios significativos para a candidata.

  

Os eleitores de esquerda sem vínculo ou afetos partidários devem pensar qual das duas candidatas, Marisa Matias e Ana Gomes, está melhor colocada para derrotar Marcelo.

À geringonça devemos o excelente Governo do PS e a Marcelo o retorno à normalidade com o fim do pesadelo da arrepiante tripla, Cavaco, Portas e Passos Coelho.


É natural que Cavaco e Durão Barroso apareçam a apoiar publicamente Marcelo. Só o prejudicam. A falta de Ricardo Salgado, o quarto elemento do grupo que se reuniu para a preparação da primeira candidatura vitoriosa de Cavaco, não deixará de ser notada.

Comentários

Estevão disse…
Concordo com o que escreve, mas tenho uma dúvida.
Se o Vieira do Benfica fosse candidato a PR, será que o sócio Costa e o sócio Medina o apoiavam?
Sou levado a crer que sim ..
https://www.abola.pt/nacional/2020-09-12/benfica-antonio-costa-e-fernando-medina-na-comissao-de-honra-de-luis-filipe-vieir/860279
ah! ah! ah! . Não gostei desse apoio embora pouco saiba desse Vieira pois sou agnóstico em futebol.

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