Amar e ser amado
Sabem lá os trogloditas o que é amar, o que é a sedução mútua entre iguais, o que é um barco que navega o mar, sem a quilha magoar as águas que se abrem para o acariciar!
Eles sabem lá o que é o amor entre pessoas livres! Ignoram a beleza da rosa, o perfume que exala, o deleite de descobrir, pétala a pétala, o androceu e o gineceu dos corpos que se fundem na dádiva recíproca do amor que só a liberdade consente!
Eles não sabem o que é explodir em êxtase no Paraíso do amor, só sabem explodir em ódio, desfeitos com o cinto de bombas, em busca do Paraíso que lhes inventaram.
Ah, se soubessem o que é o amor, se sonhassem que só desperta para o sortilégio quem é livre, que amar implica receber e dar, em igualdade, não haveria casamentos forçados, amor sem amar, afetos sustidos onde sobram caprichos de um profeta devasso e valem mais os preconceitos e a repressão do que os sentidos e sentimentos.
Eles odeiam a cor, os sons e as formas, repudiam a música, a pintura e a escultura, e não se conformam com a beleza que a poesia encerra e só a liberdade permite fruir.
Ninguém é livre entre escravos. Ninguém ama, se o desejo não for recíproco e mútua a paixão. Há civilizações mortas que deixaram sonâmbulos a cultivar o ressentimento.
Não me peçam respeito para a opressão ou benevolência para quem exige a submissão.
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