Eleições presidenciais – Marcelo Rebelo de Sousa (MRS)
A campanha para as eleições presidenciais entrou na discussão pública, e é imparável, por mais preocupações que a pandemia e os seus reflexos na economia, na letalidade e nas dificuldades sanitárias devessem postergá-las.
Não é irrelevante que o candidato da direita democrática ande
em campanha há décadas e parta em vantagem, mas não evita o salutar confronto
político das várias candidaturas. Não seria sequer democrático partir para a disputa
como se houvesse uma candidatura antecipadamente vencedora.
É nesta perspetiva que deixarei a minha opinião, irrelevante
para a decisão de voto que a cada um cabe tomar, e não deixarei de intervir com
a única arma que sou capaz de usar – a palavra, neste caso, escrita. É uma
exigência do percurso cívico e das circunstâncias que me moldaram.
Nas candidaturas democráticas só tenho um adversário,
Marcelo Rebelo de Sousa. Parto para a campanha com a certeza de que o/a
vencedor/a será sempre um/a democrata, quer a eleição seja à primeira ou à
segunda e desejável volta.
Marcelo, o candidato mais bem colocado na corrida, nem
precisou ainda de a anunciar, tem virtudes que todos conhecemos e devemos-lhe a
saída da asfixia democrática a que o seu antecessor nos tinha condenado na
campanha de intimidação e chantagem da AR, incapaz de respeitar a CRP e o
Parlamento, onde os governos se formam.
No entanto, já recebeu a retribuição dos portugueses na
simpatia que lhe dispensam e no respeito que merece, apesar da obsessiva
intromissão na área de competência dos outros órgãos da soberania.
Não há com Marcelo qualquer perigo para a democracia, o que
há é o risco insofismável de fazer um mandato diferente, para pior, e de criar
as condições para levar a direita ao poder quando esta se debate numa crise de
liderança e o tem como única referência.
Não há perigo, mas não é desejável a reeleição de MRS. A
intromissão nos assuntos do Governo e da AR tende a acentuar-se e, dada a sua
aptidão passada, de que falarei em posteriores textos, para fabricar vencedores
sem escolher os melhores, não se lhe deve dar a oportunidade de reincidir.
MRS vai terminar com dignidade o mandato que prometeu ser
único e manter as honras que dignamente estão consagradas para cada PR que completa
um ou dois mandatos.
Espero que seja, de facto, único. O passado aconselha a que
não deixemos prorrogar por outros cinco anos o exercício da função que pode exercer
melhor um/a candidato/a à sua esquerda.
Esta vai ser a minha posição, sem esquecer o respeito que
lhe é devido e a dívida de ter poupado ao país o resquício monárquico de uma
primeira-dama.
Comentários