António Barreto e o neoliberalismo
O homem que fingia ser de esquerda, para melhor defender a direita, é hoje o intelectual orgânico do neoliberalismo radical. Ignora-se se é por solicitação da Fundação Jerónimo Martins, por iniciativa própria, por coincidência de pontos de vista com o partido que representa o neoliberalismo mais radical (IL) ou por tudo isso.
No conforto suíço, com meios de subsistência para prosseguir
os estudos e sem risco de mobilização para a guerra colonial, viajou no comboio
do PCP de onde saiu para a sua esquerda, por não ser o PCP suficiente
revolucionário.
Finda a guerra colonial regressou a Portugal e, pela mão de
Mário Soares, o convertido revolucionário, pela mão de Mário Soares, tornou-se célebre
na comissão liquidatária da reforma agrária sob pseudónimo de ministro da
Agricultura.
Depois, por falta de apoio para singrar no PS, tornou-se
Reformador útil, para levar a direita ao poder. Voltaria ainda ao PS para
perfazer o tempo suficiente na AR para ter direito ao subsídio vitalício, que
então era concedido os deputados, antes de se assumir como o que sempre foi,
conservador e reacionário, mantendo apenas o antifascismo.
Foi já com fartas provas na direita que viu esboroar-se a
carreira política para os altos voos para que se julgava fadado. Sem apoios ou
sem merecer confiança para candidato a PR ou, sequer, a presidente da Câmara do
Porto, passou a pregador do neoliberalismo com guarida nas televisões e, nos
últimos tempos, com prédica semanal, aos sábados, no jornal Público.
As suas homilias, sob o título «Grande Angular, são
exemplares no ataque político a partido à esquerda do PSD e na defesa do
neoliberalismo. Atingiu o auge da decadência ética na homilia “Grande Angular -
Escola, Cidadania e Democracia”, publicada em 13.8.2022, que termina com a
frase: “A escola deve ser democrática, mas não impingir a democracia.” É um
texto doutrinário profundamente reacionário.
Hoje, perdido o pudor, é assalariado de um merceeiro
holandês, crítico dos partidos que elaboraram a CRP e, com sobranceria
catedrática, adversário da social-democracia e de toda a esquerda.
Sendo melhor fotógrafo do que pensador, faz pena ver o
antigo expatriado na Suíça em promíscuo contubérnio com a pior direita,
excluindo a fascista.
Quem não sabe viver de pé, acaba de rastos.
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