Ingenuidade, cinismo ou ignorância
Surpreende-me que haja ainda quem creia que a pandemia, a guerra na Ucrânia, o preço dos combustíveis e a previsível recessão europeia não nos condene a empobrecer, talvez os mesmos que só veem a nossa pobreza relativamente aos mais ricos, incapazes de nos compararem aos países do continente africano, tão próximo, ou de recordar a herança da mais longa ditadura da Europa ocidental.
O que levará as pessoas a ignorarem que a Europa, vítima das
sanções e contrassanções à Rússia, se distanciou cerca de 10% do PIB dos EUA, e
igual poder de compra do euro, face ao dólar, quando depende fortemente da importação
de matérias primas?
Em Portugal, onde o líder ucraniano é muito mais popular do
que no seu próprio país e incomparavelmente mais do que o PM português, a
dívida pública acumulada, que é a herança destinada a filhos e netos, não
preocupa a geração que saiu de um país atrasado para uma economia de país rico.
O Governo, talvez por patriotismo do PM, não pediu a
demissão que o comportamento do PR merecia quando encorajou que o grelhassem os
media, os sindicatos espontâneos, e alguns militantes do PS que ignoram a
lealdade e solidariedade políticas que devem ao Governo do seu partido. Pior,
usou benevolência, só quebrada quando o PR promulgou uma lei que, a pedido do
Governo, o Tribunal Constitucional declarou inconstitucional, em acórdão
unânime.
É fácil atirar com um Governo de maioria absoluta quando a
agenda política do PR, a estagnação económica, o mal-estar compreensível de
algumas classes e o oportunismo de outras, as expetativas frustradas de muitos
e as alterações políticas europeias, a lembrar o advento do fascismo do século
passado, se conjugam para criar atritos e gerar desconfianças.
Como não sou militante partidário, apenas social-democrata
independente, dou por mim a pensar até onde a aliança de todos os adversários
do Governo poderá ir e, sobretudo, no que não pode deixar de vir.
Comentários
A Índia compra diáriamente 1,7 milhões de barris de petróleo russo. Este petróleo é refinado pela Nayara Energy e pela Reliance Industries, depois revendido legalmente aos Estados Unidos.
Na prática, a guerra económica dos Estados Unidos já não afecta pois a Rússia, mas exclusivamente os seus aliados da União Europeia, os quais são os únicos a ser privados dos hidrocarbonetos russos. Esta constatação deve ser posta em perspectiva com a sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 privando a União Europeia da sua principal fonte de energia.
Essa notícia do Telegraph of Índia serve a Índia, obviamente ..
https://www.idealista.pt/news/imobiliario/internacional/2022/07/12/53088-eua-liderou-a-producao-de-petroleo-em-2021
Os interesses sempre vcomandaram a política.
A China e os EUA.