Associação 25 de Abril
Notícias da A25A
Abraço de Abril ao José Fontão
Caros associados
É com enorme pesar que vos comunicamos o falecimento do nosso sócio Capitão de Abril, Coronel José Cardoso Fontão.
A roda da vida não pára mesmo. Mais um dos principais Capitães de Abril parte para o Oriente Eterno e nos deixa a todos mais pobres, neste mundo cão cada vez mais complicado.
O José Fontão, era então Major, quando regressa de mais uma comissão militar na guerra colonial, em Angola.
Aqui chegado, apressa-se a, na sequência das ligações já estabelecidas nessa então Província Ultramarina, a contactar o Movimento dos Capitães.
Colocado no B. C. 5 (Lisboa, Campolide), uma das Unidades militares onde o Movimento tinha melhor implantação, cedo se liga aos três Capitães aí existentes, se integra e é escolhido para comandar a força que haveria de se transformar numa das principais intervenientes na operação "Viragem Histórica": ocupou o Q. G. Da RML; coordenou a ocupação do Rádio Clube Português e protegeu a equipa que aí assumiu a criação da "Emissora da Liberdade"; ocupou o Quartel Mestre General do EME; controlou toda a área adjacente à Praça Marquês de Pombal, historicamente importante em acções como a que se viveu nesse Dia Libertador; garantiu a segurança à residência do General Spínola (esta missão levá-los-ia a não ocupar o Quartel do Carmo, objectivo considerado secundário, só elevado na sua importância com o decorrer das operações).
Houve várias Unidades essenciais para o sucesso da operação "Viragem Histórica", não cabe aqui mencioná-las, mas é de justiça - hoje, que evocamos o José Fontão - salientar que entre as mais valorosas esteve o B. C. 5.
Após o 25 de Abril, José Fontão revelar-se-ia como um dos Capitães de Abril que mais se destacaram nos que, "teimando" em cumprir e fazer cumprir o Programa do MFA, mais fizeram frente às tentativas de Spínola e dos seus seguidores, para a implantação de um projecto espúrio de poder pessoal.
A sua postura levaria a que fosse convidado para assumir responsabilidades maiores no processo de descolonização/independência de Angola, que ele tão bem conhecia.
Em Dezembro de 1974, graduado em Coronel, assumiria o cargo de Governador e Comandante Chefe de Cabinda, aí tendo de fazer frente a uma série de complicados problemas, que se levantaram no decorrer desse difícil processo.
Regressado a Portugal, em Setembro de 1975, a situação aqui vivida leva à sua não colocação em qualquer Unidade e, após o 25 de Novembro, viria a ser uma das vítimas da "caça às bruxas" que se verificou, com marginalizações e perseguições a muitos Militares de Abril.
Ultrapassadas essas vicissitudes, que incluíram a necessidade de interpor um recurso, contra a sua preterição na promoção a Coronel, ao Supremo Tribunal Militar, é promovido a Coronel e é nomeado para Comandante do Regimento de Ponta Delgada, cargo que exerce de 1982 a 1984.
Desiludido com a vida militar, em 1985 pede a antecipação da sua passagem à situação de Reserva.
Ainda se envolveria em actividades cívicas, nomeadamente em tarefas de apoio autárquico (Secretaria de Estado da Cultura e Empresas, no âmbito de projectos de Desenvolvimento Rural).
Nunca abdicando dos valores de Abril, manteve-se sempre um seu dedicado e esforçado militante, para quem os valores da Liberdade, da Paz, da Igualdade, da Justiça e da Fraternidade faziam parte integrante de si mesmo.
José Fontão parte, com isso deixa todos mais pobres. A começar na sua família, passando pelos seus camaradas de Abril e restantes amigos, mas também por Portugal, o seu País que ele amava e pelo qual lutou exemplarmente.
Aos seus familiares - nomeadamente à Luíza sua companheira de sempre, mas também às suas filhas, Ana e Isabel, e aos seus quatro netos e um bisneto, os nossos mais sentidos pêsames e a nossa profunda e total solidariedade.
A todos os seus amigos, em especial à sua família de Abril, mas também à sua família maçónica, um grande abraço.
Que estendemos, com um Até Sempre ao José Fontão.
Um grande, enorme abraço Amigo, Fraterno e de Abril.
Vasco Lourenço
P. S.
Sendo que o corpo será velado nas instalações do GOL, na rua do Grémio Lusitano, assim que possuidores de informações sobre as cerimónias fúnebres, dar-vos-emos noticia das mesmas.
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Associo-me na homenagem ao heroico capitão de Abril com quem tive o privilégio de uma afetuosa e fraterna convivência.
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