O governo da AD, os impostos e o futuro – Reflexões de um leigo em macroeconomia

Seria injusto não felicitar este governo pelo êxito obtido nas negociações com professores, polícias, oficiais de justiça e guardas prisionais num total de 28% dos funcionários públicos, negociações em que o anterior falhou, talvez a olhar simultaneamente para o OE e para os 72% restantes, mas a pacificação é de saudar.

Enquanto se ignora o custo da melhoria de vencimentos dos funcionários públicos beneficiados, é importante refletir na redução de impostos, na vertigem de reduzir as contribuições de um OE cada vez mais generoso para funcionários fardados e à civil.

A redução de IRS até aos 35 anos é um monumental disparate e uma injustiça; a redução de imposto cobrado a 0,3% das empresas, responsáveis por 50% do IRC cobrado, um bodo ao topo da pirâmide; os benefícios a estrangeiros uma iniquidade.

Como apenas 0,3% das empresas são responsáveis por 50% do imposto, parece não ser descabido afirmar que o alívio, que custará mais do que o aumento dos professores e polícias, beneficia sobretudo o topo da pirâmide.

A narrativa de que em Portugal se pagam muitos impostos, além de falsa, parece ser obsessão do ministro que o PSD considerava o seu Centeno, e teme-se que as contas públicas derrapem, com consequências funestas. Em Portugal pagam-se impostos diretos abaixo da média europeia e indiretos mais altos, com especial relevância para o IVA. Este será aumentado numa injustiça em que os mais pobres vão ser chamados a pagar o festim.

Sempre que há redução de receitas é provável que o corte de despesas ocorra. Temo que as pensões e os apoios sociais sejam as vítimas de um governo eleitoralista com pressa de executar a agenda neoliberal que persegue.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides