Eleições legislativas 2025 – 19 de maio de 2025
No rescaldo de eleições provocadas por um PM que quis branquear a conduta ética com a ida às urnas, é natural que falte discernimento aos perdedores, entre os quais me conto. Ainda assim, arrisco discorrer sobre a hecatombe eleitoral e o que nos trouxe aqui, para além de termos como árbitro do regime um jogador pérfido e calculista que durante cinquenta anos se opôs às maiores conquistas democráticas.
O país esqueceu que Marcelo se opôs à criação do SNS e à despenalização
da IVG, que obstruiu a lei da eutanásia e, então o líder do PSD, censurou um programa
de humor de Herman José no canal público e levou ao seu afastamento ao jeito do
Estado Novo.
A direita teve cúmplices. Ainda ontem militantes do PS exultaram
com o ocaso do BE e o fracasso do PCP, afirmando de viva voz o desejo da exclusão
eleitoral de ambos. Nem o PCP, que sofreu prisões, tortura e morte dos seus militantes
na luta contra o fascismo, mereceu respeito! Nem a clamorosa derrota do seu
partido os entristeceu! E foi o apoio do PS ao PSD que deixou à solta, a fazer
oposição, os partidos extremistas Chega e IL.
A campanha eleitoral do PSD com temas do Chega só podia ter
como epílogo o reforço da direita. O voto no Chega não é apenas um voto de
protesto, é a afirmação do racismo, da xenofobia e da homofobia do
nacional-catolicismo que suportaram a ditadura.
Acresce que o eleitorado de esquerda é mais exigente na
ética do que a direita. Bastava a vitória na Madeira, que encorajou Montenegro,
para confirmar que a Tecnoforma foi irrelevante, para o prestígio de Passos
Coelho, o caso dos Submarinos para Paulo Portas ou a casa da Coelha e as ações
do BPN para Cavaco.
Nem a acusação de crime de morte a um ex-líder parlamentar
do PSD, por assassínio a tiro de uma portuguesa no Brasil, belisca o partido ou
interessa aos portugueses. Duarte Lima há de morrer na cama sem ser julgado.
A Spinumviva não é caso político, é um caso de polícia não encerrado.
As eleições não absolvem delitos; o PM não passou a respeitável por se apresentar
ontem com todos os administradores da empresa de fuga ao fisco, ele, mulher e
filhos a comemorar a vitória.
A deslocação brutal do eleitorado para a direita não é
apenas fruto de golpes do PR, mas da fuga do PS na mesma direção, à semelhança
do PSD, com a oposição interna a Pedro Nuno a obrigarem-no a suportar o governo
Montenegro. Tal como em França, estamos em risco de ver implodir os partidos do
centro.
Ontem saíram feridas a democracia e a ética. Um partido
regional, ao arrepio da CRP, entrou na AR, o Chega passou a maior partido da
oposição, o PS, já demasiado à direita, ficou refém da ala direita e neoliberal
e até o bom governo de António Costa, com apoio parlamentar do PCP e BE, foi denegrido
e acoimado de extremista depois de ter valido a maioria absoluta a que Marcelo
e a PGR puseram termo.
Com folga orçamental esgotada, os partidos extremistas em
crescimento e um perigoso ministro das Finanças, o apoio previsível do PS à AD
é a receita para o fim do regime.
É a vida…

Comentários
1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.
2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
3. Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão.
4. Portugal mantém laços privilegiados de amizade e cooperação com os países de língua portuguesa.
5. Portugal empenha-se no reforço da identidade europeia e no fortalecimento da acção dos Estados europeus a favor da democracia, da paz, do progresso económico e da justiça nas relações entre os povos.
6. Portugal pode, em condições de reciprocidade, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito democrático e pelo princípio da subsidiariedade e tendo em vista a realização da coesão económica, social e territorial, de um espaço de liberdade, segurança e justiça e a definição e execução de uma política externa, de segurança e de defesa comuns, convencionar o exercício, em comum, em cooperação ou pelas instituições da União, dos poderes necessários à construção e aprofundamento da união europeia.
7. Portugal pode, tendo em vista a realização de uma justiça internacional que promova o respeito pelos direitos da pessoa humana e dos povos, aceitar a jurisdição do Tribunal Penal Internacional, nas condições de complementaridade e demais termos estabelecidos no Estatuto de Roma.
Assim, exijamos o cumprimento da CRP.
Pela Paz, pela Independência Nacional!