Para memória futura - Entrevista de Freitas de Amaral ao DN de 18 de maio de 2025 - Do meu arquivo.

«O Ocidente incentivou os ucranianos a ser mártires»

DN – Assistimos nas últimas semanas à perturbação da Ucrânia. Surpreendeu-o ou esperava uma ação deste género no século XXI?

R – «Não estava à espera disto e devo dizer que todos têm culpas. O Ocidente porque há quase uma década anda a tentar financiar partidos e movimentos pró-ocidentais para que a Ucrânia entre na União Europeia e na NATO. É uma ideia do presidente Bush e que não sei como Obama a continuou. É óbvio que a Rússia fará tudo o que puder para evitar que a Ucrânia e a Bielorrússia entrem na NATO, porque isso era tê-la junto às próprias fronteiras. Além do mais, há a razão histórica: a nação russa nasceu na catedral de Kiev há mais de um milhar de anos e essa realidade tem para a Rússia um valor simbólico. Na altura própria disse a Condoleezza Rice que os Estados Unidos «estão a ver muito mal a questão da Ucrânia porque a Rússia nunca abrirá mão. Para quê comprar uma guerra quando o interesse do Ocidente é ter as melhores relações com a Rússia e nunca reavivar os sentimentos antiocidentais de tantos anos?»

DN – Tanto a reação de Obama como a da União Europeia foi [sic] catastrófica!

R – Foi e Putin não podia perder porque tinha interesse legítimo em reaver a Crimeia, que sempre foi russa e onde estava 80% a 90% do seu potencial nuclear. Podia era tê-lo feito de maneira conforme ao Direito e não o fez.

DN – Haveria outra solução?

R – Se houvesse um homem de Estado com categoria internacional, como Mitterrand, Köhl ou D’Estaing, a saída para a crise teria sido muito simples.

(Continua, mas a cópia já vai longa)

(Freitas do Amaral, entrevista ao Diário de Notícias, 18-05-2014).

Comentários

JA disse…
Não nutrindo especial admiração pelo trajecto político do senhor, tiro o chapéu à inteligência analítica que revelou na entrevista citada.

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