Timor - Um protectorado do Vaticano
Não sei se é a influência do desvario islâmico, que grassa na região, ou a natureza da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), apenas contida nos Estados laicos, que leva os dois bispos de Timor a açular as populações autóctones contra o primeiro-ministro Mari Alkatiri, a quem acusam de chefiar um «regime antidemocrático» pelo facto de pretender diminuir o peso da religião nas escolas públicas.
Terça-feira, a ICAR passou a ter como monarca absoluto e vitalício Bento XVI, até então prefeito do ex-Santo Ofício, que, tal como os bispos de Timor, defende que «só na Igreja Católica» está a salvação, visão totalitária que sobreviveu ao concílio Vaticano II, que a repudiou pela primeira vez.
No mesmo dia em que o cardeal-inquisidor se tornou Papa, os bispos de Dili e de Baucau, largaram nas ruas da capital de Timor, sob o comando do padre Benâncio Araújo, cinco mil timorenses armados de terços e imagens da Virgem, numa manifestação contra o Governo, que acusam de antidemocrático por pretender tornar facultativa a disciplina de religião e reduzir a sua carga horária.
O padre Benâncio, porta-voz da Diocese de Dili, apelou ainda a outros membros da ICAR para organizarem manifestações para «derrubar o regime antidemocrático», eleito democraticamente.
O episcopado timorense exige o ensino obrigatório da religião na escola pública. Desde há dois meses, a Igreja católica, que contribuiu corajosamente para a libertação do povo de Timor leste, não se conforma com a liberdade religiosa. Combate o Governo e quer transformar o jovem País num protectorado do Vaticano.
Portugal e a Europa poderão salvar Timor?
Carlos Esperança
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