Países não alinhados

Foto AFP/HO - via «Le Monde»
118 países escolhem Cuba, em substituição da Malásia, para a presidência dos países não alinhados nos próximos três anos.

Fidel de Castro (na imagem com Hugo Chavez) será, assim, o próximo presidente.

Não sei porquê, vejo nesta decisão uma metáfora do estado terminal para que se encaminha o conjunto dos referidos países.

Comentários

Anónimo disse…
PORTO, 2006.09.16
Fidel presidente no mi gusta. O Fidel da Revolução foi um e o Fidel Presidente de Cuba foi outro. Não me revejo e isso incomoda-me porque não quero acreditar que um homem de esquerda não actue como um homem de esquerda. Com bloqueio ou não acho que Fidel fez pouco pela liberdade e deixou uma péssima imagem daquilo que podemos esperar do socialismo. Presidente dos não alinhados aos 80 anos, quando desde os 30/40 fez o fez, não dá garantias. Lamento não conseguir ver de outra maneira. Nesta coisa da esquerda as minhas referências vão para Salvador Allende e Vasco Gonçalves.
JS
Anónimo disse…
Sejamos objectivos.

Hoje, não existem "países não alinhados".
É uma autêntica ficção.
Este conceito caíu com a derrocada do muro de Berlim e o colapso do "socialismo de Leste" alinhado com a ex-URSS.
Não há mais espaço entre as forças ditas do Ocidente e a alinhadas pela União Soviética.
A globalização que, incomodando muita gente e provocando muitos problemas, entre os quais, os inúmeros confitos regionais e dando suporte político e económico a um drama milenar, mas agudizados nos tempos recentes: - a fome e o sub-desenvolvimento do dito "Sul", a aculturação, etc. "matou" os chamados não alinhados.
Destruíu estas concepções de alinhamento.
Para haver alinhamentos tem de existir no mínimo dois polos.
Hoje, como sabemos, existe um único polo centralizador - EUA (conhecido como o "polícia do Mundo"), ameaçado por tudo e todos: guerras preventivas, choques culturais, dívida externa, terrorismo, China, etc.

Mas não são só os países não alinhados que iludem a realidade do Mundo actual.
A NATO, é, depois do desmantelamento do Pacto de Varsóvia, um outro exemplo de inadaptação (não será só isso) à realidade.

Perante este único polo, alargado no terreno pelos celebrados aliados "atlantistas" (Blair, Aznar, Barroso, etc.), só existe a posição oposta. Essa é, o anti-americanismo ou, conforme as opções ideológicas, o anti-imperialismo. Todos sabemos que não existem lideranças incontestadas.
No meio - que é a periferia dos EUA ou os "outros" - é o vácuo onde pretendem, sem sustentação, posicionar os países "não alinhados".
Não sendo um espaço é, todavia, a incubadora da marginalidade do desenvolvimento, da discriminação em relação às perspectivas do futuro e da exclusão política e social.
Contraditoriamente, vemos como do nada pode "nascer" a causa remota (mas ignorada) dos conflitos que varrem o Mundo.

Fidel de Castro foi, por isso, nomeado presidente de um Mundo cheio de nada.
Nomeado lider de um paradoxo.

Nada de brilhante para um homem que, apesar de todos os erros que lhe são apontados - com especial relevância as questões relativas aos direitos humanos - tem, apesar disso, uma estatura política e uma dimensão histórica enorme.

Na fase actual da sua vida onde é evidente a sua distanciação política e a sua debilidade física, merecia outra distinção.

É que, paradoxalmente, podem haver distinções inglórias e, pior do que isso, infelizes.
Anónimo disse…
PORTO, 2006.09.16
Excelente o artigo anterior que vem trazer a este espaço muita solidez cultural. Retiro uma frase que me merece muito respeito referente a Fidel:- "Na fase actual da sua vida onde é evidente a sua distanciação política e a sua debilidade física, merecia outra distinção." Estou totalmenete de acordo.
Um voto de muitos anos de vida a este blog.
JS

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