Momento de poesia


CRIADA

Vestiram-te de chita;
o avental branco
fechava atrás
com um grande laço;
as alças, de banda larga, ondulavam
na elevação dos seios, a despontar;
na cabeça, uma touca
debruada
de onde desciam
os teus cabelos entrelaçados;
a gargantilha branca,
rendilhada
erguia o teu pescoço esbelto
de garça assustada…
Eras a criada
ainda criança
que à noite
fazia e desfazia a trança
a chorar…

Alexandre de Castro -Lisboa, Dezembro de 2006

Nota: Lopes de Castro, que escreveu este poema para os leitores do Ponte Europa, terá um poema seu às terças-feiras. No dia seguinte será a vez do saudoso Armando Moradas Ferreira.

Comentários

Anónimo disse…
O Alexandre de Castro já nos surpreendeu neste blogue com alguns maravilhosos poemas. Recordo "A Carta a Deus" e "Mãe".
O de hoje, deixa escapar uma comovente ternura por aqueles que, ainda muito novos, tiveram de se sujeitar ao trabalho servil.
Aurea disse…
A sensibilidade do poeta toca-nos sempre profundamente. Se todos os homens vissem a mulher com estes olhos....o mundo seria bem mais feliz!

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