Momento de poesia

Por -
Foto de Elena Vasileva
PROSTITUTA


Procuro-te nos detritos da vazante
das marés que varrem as ruas escuras da cidade ...
Procuro-te no lodo do cais
e o cheiro do cio é mais forte
do que o da maresia ...
E outras sombras
se enlaçam nos limbos
sem esperança de amar ...

Percorro teu corpo ondulado
sem te ver!
Nem sequer conheço o teu nome,
o verdadeiro ...
Sepulto o meu desejo no teu olhar magoado
onde a curva do enjoo se desenha ...
Fico suspenso no prazer comprado,
sem um sinal de remorso
de não te ter amado!...

Alexandre de Castro - Lisboa, Maio de 1986
Registado: IGAC/MC- 5467/2004

Comentários

Anónimo disse…
Realmente a sabedoria está na versatibilidade. Depois de nos brindar com poemas que colocam a mulher como musa inspiradora dos seus poemas...esta foi forte Alexandre! Parabens pela coragem
terça ago. 14, 06:32:00 da tarde
Anónimo disse…
Coragem!!??
Será que este poema é libertador e denunciante? ou antes pelo contrário, é um forte impulso para a confissão........
terça ago. 14, 09:45:00 da tarde
Anónimo disse…
Francamente, não sei a quantos padres este anónimo já se confessou. Ou então, falando metafóricamente, ele não sabe o que é uma metáfora, nem sabe ler poesia. O que é uma pena!
terça ago. 14, 10:08:00 da tarde
Anónimo disse…
Confesso que já percebi como as metáforas aliviam as consciências.
É uma pena....
terça ago. 14, 11:40:00 da tarde
Anónimo disse…
Este anónimo, possivelmente pio, lido em arcaicos catequismos, não enxerga nada para além do lado escabroso e obsceno da prostituição, o que o leva unicamente a formular juízos morais. Esquece todas as outras dimensões do problema que o poema coloca, e onde se procura evidenciar a profunda contradição da natureza humana.
quarta ago. 15, 12:10:00 da manhã
Anónimo disse…
Como as aparências iludem.....
quarta ago. 15, 12:51:00 da manhã
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