Notas soltas: Outubro/2008

Itália – Leis à medida de Berlusconi, populismo, xenofobia e domínio da comunicação social, são a marca de um Governo que envergonha a Europa e corrói a democracia.

Áustria – A crise mundial, o bloqueio do Tratado de Lisboa e o esquecimento do nazismo permitiram o triunfo de oportunistas cujo discurso se baseia na xenofobia e na propaganda antieuropeia, discurso que seduziu um terço dos eleitores.

EUA – O plano de 700 mil milhões de dólares chumbou no exame, passou com deficiência no recurso e não resolvia o caos financeiro. Era um xarope amargo, criado por Henry Paulson e vendido por Bush, responsáveis pela doença, a pagar em prestações suaves pelas próximas gerações de contribuintes.

Portugal – Os arautos do ultraliberalismo não se conformam com a partida que o seu modelo lhes pregou. Desorientados com a realidade, desacreditados pelos factos, amaldiçoam os factos e a realidade ansiando que sejam curtas a crise e memória.

Paraísos fiscais – A abolição tornou-se uma exigência ética depois do apocalipse financeiro. A persistência compromete os Estados na corrupção, fraudes e crimes para que vierem a contribuir.

Centenário da República – A presença do bispo, Manuel Clemente, na Comissão Consultiva das celebrações, é tão surpreendente como seria a de um membro da Associação Ateísta Portuguesa numa comissão equivalente, no centenário das alegadas aparições de Fátima.

Casamento gay – O PS procedeu mal em negar a liberdade de voto ao seu grupo parlamentar. Conceder direitos a uma minoria não obriga a maioria. Adiou a solução de um problema que torna infelizes vários cidadãos.

Coreia do Norte – Os EUA anunciaram que vão retirar o país da lista negra do terrorismo. Bush deve acreditar, como o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, que não há razões para pensar que a obscura ditadura não seja uma democracia.

Crise financeira – O merceeiro que não liquide as dívidas aos fornecedores fica sem a mercearia, sem a casa e sem o carro. Os banqueiros… têm os Governos a correr em seu auxílio. E nenhum vai preso.

Reino Unido – Deve-se a Gordon Brown, primeiro-ministro inglês, o plano coerente e viável contra a crise, que a União Europeia adoptou e os EUA copiaram neste penoso crepúsculo de Bush. Resta saber se a crise se rende.

Portugal – Em 38 anos, a mortalidade infantil (até aos cinco anos) caiu 86% e a de crianças 89%. Foi idêntica a redução da mortalidade perinatal e ainda mais acentuada a materna. Nos últimos 30 anos a esperança de vida aumentou 9,2 anos. Os dados da OMS são preciosos para se avaliar o mérito do Serviço Nacional de Saúde.

Orçamento de Estado – Entre aplausos do Governo e críticas das oposições não houve propostas alternativas. Prever o futuro num ambiente tão instável é um exercício de alto risco.

Açores – A participação de todos os líderes na campanha conferiu às eleições significado nacional. CDS, BE, PCP e PPM entraram no parlamento, enriquecendo-o, e a maioria absoluta de Carlos César ligou Sócrates e o PS a uma sólida vitória.

Barack Obama – O apoio de Colin Powell, ex-secretário de Estado de Bush, no primeiro mandato, foi mais uma prova do descrédito da Administração republicana, dentro e fora dos EUA.

Hipocrisia – O virtuoso líder da extrema-direita austríaca, Jörg Haider, defensor da família e da moral, falecido num desastre de viação, alcoolizado e em excesso de velocidade, afinal… era homossexual. Públicas virtudes!

Crise – Há profecias que são fáceis de fazer. O pior está para vir e, como aqui já foi dito, a minha geração é a última que viveu melhor do que a anterior. O futuro não se recomenda.

Cavaco Silva – O novo veto ao Estatuto dos Açores, apesar de votado por todos os partidos, é um veto político legítimo que procura pôr termo à jardinização dos Açores e a maiores excessos da Madeira.

Dinamarca – O eurocepticismo não impediu o país de solicitar ao Banco Central Europeu um acordo de troca de divisas com o seu banco central, no valor de 12 mil milhões de euros, a fim de evitar a ruína da moeda nacional – a coroa.

Somália – A lapidação de mais uma mulher acusada de adultério – como gosta Maomé –, por islamitas convictos, é uma nódoa irreparável numa religião que aumenta a repulsa das pessoas civilizadas pela doutrina que prega.

Bancos – Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças e actual presidente da sociedade que controla o BPN, denunciou ao Ministério Público os quadros superiores do referido banco, por suspeita de fraudes. Que outros bancos cometeram fraudes?

Justiça – O julgamento de Jaime Giménez, na Figueira da Foz, embora legítimo, é caro e inútil. O perigoso assaltante de bancos e assassino de polícias terá pena máxima em Espanha. Portugal dispensava o turismo do facínora se a lei o permitisse.

Comentários

Adamastor disse…
Denoto uma certa contradição entre os tópicos Casamento gay e Hipocrisia.
Se o Sr. Haider era gay, não teria uma família (em sentido lato, ou seja, resultado de um "casamento" gay?) feliz, sendo essa a que defendia?!?
Hipocrisia é dar-se ares de muito liberais, muito abertos - sem segundas intenções...:) - (prá frentex, como se dizia nos idos de '80), e, afinal, impor disciplina de voto na matéria do "casamento" gay...

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