António Barreto e os desvarios ideológicos

Que um sociólogo eminente e político ressentido use o prestígio para combater as ideias que já foram suas não é motivo de admiração.

António Barreto, apesar da sua cultura, mantém-se o provinciano que Mário Soares promoveu a ministro da Agricultura e Pescas, com vergonha de ser de direita mas sôfrego de tornar-se seu ideólogo como, em tempos, quis ser o do PS.

Barreto foi um dos trânsfugas que permitiram a Sá Carneiro ornamentar a AD (Aliança Democrática) com penas de esquerda. Desde aí nunca mais o abandonou a sedução pela direita. Tem sido tão anti-socialista como foi anti-comunista na medíocre passagem pelo Governo numa pasta onde caiu como Pilatos no Credo e onde os seus despachos eram revogados pelos Tribunais dado o carácter ideológico com que contrariava as leis então vigentes.

A última diabrura do omnipresente comentador televisivo foi o alvitre de uma nova Constituição para Portugal que dispensasse a democracia representativa e fosse votada por referendo. O que parece uma ideia original, felizmente ignorada pela comunicação social e pelos portugueses, o que  prova que o País ainda não ensandeceu de todo, seria uma reedição do procedimento salazarista para a Constituição Política de 1933. Só não disse – porque isso ficaria para a ampla discussão popular que preconiza –, se as abstenções voltariam a contar como votos a favor.

Faz pena ver um intelectual de sólida cultura a deslizar para posições tão reaccionárias.

Comentários

e-pá! disse…
António Barreto - se calhar - tem andado a visitar as suas ancestrais raizes no Douro.
Subiu-lhe à cabeça o vinho novo!
Não se pode deslizar para um pântano que se habita há décadas!
Um abraço, Carlos
E-Pá e Bernardo:

Dois comentários cáusticos e justos.

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