Graça Moura – o último almocreve do cavaquismo


Vasco Graça Moura (VGM) é um brilhante escritor e arruaceiro político. Palra, grasna e crocita contra a oposição como a mesma ansiedade com que relincha um cavalo quando pressente uma égua com cio ou uma vaca muge e sorri, nos Açores, quando vê a verdura da erva sob o olhar atento do Presidente da República.

VGM é um poço de veneno a execrar a oposição e um frasco de terebentina a apagar as nódoas do partido de que é saprófita ou do antigo chefe do Governo onde  foi ajudante de ministro da Cultura.

Sobre as «vinte páginas inúteis» que Baptista-Bastos divisou no prefácio do Dr. Cavaco, apostas ao sétimo volume de Roteiros, em magnífica exumação das banalidades, VGM  descobriu, em melancólico panegírico, que corresponderam «perfeitamente àquilo que era de esperar em termos de serenidade e de sensatez no actual momento político». Nem a diferença entre o rancoroso e vingativo ataque ao Governo que ajudou a derrubar, no anterior Roteiro, contrastando com a desvanecedora cumplicidade com o atual e trágico Executivo, demoveu VGM de exaltar as virtudes da prosa presidencial e a bondade das banalidades.

VGM, não podendo elevar Cavaco ao seu nível intelectual, desceu o seu ao nível do do PR. O último almocreve do cavaquismo previu, qual pitonisa, que Portugal «pode estar à entrada de um beco sem saída» e, subservientemente, asseverou que “toda a gente sabe que o Presidente tem tido um papel de grande relevo nos bastidores”, informação que terá obtido em bastidores onde alguma corista, na pressa de vestir-se, o informou. 

Esqueceu-se da forma como Cavaco adulava Sócrates enquanto teve a maioria absoluta e como o zurziu, assim como à AR, quando a maioria do PS se esvaiu.

A homenagem ao prefácio do último Roteiro do PR é a reverência do devoto à estátua de um taumaturgo em pré-defunção. A sinecura do Centro Cultural de Belém não exige tanto. E ainda faltam três Roteiros, para nossa desdita.

Comentários

Rui Cascao disse…
Não estou particularmente convencido quanto a "brilhante escritor"...

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